Luanda - O Presidente angolano manifestou dúvidas sobre a existência de ex-militares que não estejam a receber ainda a reforma da Caixa Social das Forças Armadas. FNLA, MPLA e UNITA estão indignados.

Fonte: DW

Vários ex-combatentes das Forças Armadas e dos três movimentos de libertação nacional (FNLA, MPLA e UNITA) estão indignados com as recentes declarações do Presidente angolano. Na semana passada, José Eduardo dos Santos manifestou algumas dúvidas quanto ao facto de ainda haverem ex-militares que não estão a receber reforma da Caixa Social das Forças Armadas Angolanas.


O Presidente angolano pediu para se acelerar a reintegração social dos ex-militares e para se concluir o processo de pagamento dos subsídios de desmobilização "caso haja ainda pessoas que não tenham sido contempladas". Muitos ex-militares não gostaram de ouvir estas palavras.


Simão Temba, tenente-coronel na reserva e secretário-adjunto da Associação dos Combatentes da Independência Total de Angola, coloca a questão: "Como é que o Presidente da República pode dizer que não tem a certeza se ainda há ex-militares fora da Caixa Social das Forças Armadas Angolanas sem subsídio?". "Lamentamos, porque o Presidente da República sabe que, em todas as províncias de Angola, existem muitos ex-militares dos três movimentos de libertação de Angola, que são a FNLA, o MPLA e a UNITA, considerados excluídos, por não estarem inseridos na Caixa Social [das Forças Armadas Angolanas], assim como na direção dos antigos combatentes. Portanto, são muitos os que até este momento desconhecem os benefícios da paz pela qual lutaram", afirmou.


Luís Buete é uma das dezenas de milhares de pessoas que, há anos, reivindicam subsídios. O ex-militar combateu no leste de Angola nas fileiras das FAPLA, o antigo exército do Movimento Popular de Libertação de Angola, o MPLA. Hoje com 67 anos de idade, Luís Buete sobrevive da atividade de engraxar sapatos. "Não sou apenas eu, existem muitos capitães e tenentes que também não estão na Caixa Social", dá conta.


Muitos ex-militares não recebem reforma porque não têm documentos de identificação ou que comprovem o serviço militar prestado. No entanto, esta é uma questão que para o responsável da Associação dos Combatentes da Independência Total de Angola, Simão Temba, já podia ter sido resolvida, se o Governo tivesse vontade disso.


"Pensamos que há falta de vontade política no executivo, porque não é só as ex-FPLA [então braço armado do MPLA], e as ex-FALA [então braço armado da UNITA] que lamentam, ou os do -ERNA [antigo braço armado da FNLA], mas todos aqueles que cumpriram o serviço militar. Hoje há grito em todas províncias de Angola", conclui.