Luanda - O antigo primeiro-ministro de Angola, Lopo do Nascimento, disse em entrevista à Televisão Pública de Angola na segunda-feira, 20, que "não será uma boa coisa" José Eduardo dos Santos abandonar a Presidência da República e continuar a dirigir o MPLA.

* Coque Mukuta
Fonte: VOA

Nascimento, que abandonou a política activa aos 71 anos, alertou para um possível poder bicéfalo, caso o MPLA ganhe as eleições em Agosto.


Para o politólogo José Adalberto, a posição daquele histórico do MPLA reforça a opinião de que em Angola o partido é que orienta as posições do Governo.


“Sou daqueles que entendem que ao abandonar a Presidência da República, ele devia também abdicar-se da presidência do partido”, defende Adalberto.


Para Lindo Bernardo Tito, porta-voz da CASA-CE, o assunto do MPLA deve ser exclusivamente tratado pelos militantes do MPLA.


“É um problema que os militantes do MPLA devem resolver, se os membros do MPLA admitirem que o seu ditador continua a nível interno, ele continua”, refere.


Adalberto Costa Júnior, presidente da bancada parlamentar da UNITA, também entende que as opções do MPLA devem ser tomadas pelos membros do partido no poder, mas avisa que caso o partido dos camaradas vencer as eleições “a transição será problemática” porque “é mais uma questão de imagem”.


Para o partido no poder, segundo João Pinto, vice-presidente da bancada parlamentar, o Presidente José Eduardo dos Santos apenas está a cumprir o seu mandato e não pode ser coagido a abandonar a liderança no MPLA, “nem depende de um militante”.


Na entrevista concedida ao canal público da televisão angolana, Lopo do Nascimento frisou que o candidato do MPLA à Presidência da República, João Lourenço, “é um camarada que não perfilha rancores, gosta de ouvir a opinião dos outros e não é uma pessoa do tipo ´quero, posso e mando´”.


Nascimento defendeu que Lourenço devia ocupar também a liderança do MPLA, a exemplo do que tem sido habitual na política angolana.