Luanda - Ao mesmo tempo que surgiam os movimentos do Norte de Angola, constituíram-se em Luanda várias organizações políticas clandestinas, de forma geral por iniciativa de angolanos que tinham acedido ao estatuto de assimilados.

Fonte: Club-k.net

Conforme a versão oficial divulgada pelos seus líderes, a criação do MPLA aconteceu em torno da década de 50, especificamente em 10 de dezembro de 1956, sob o comando do poeta Mário de Andrade, em Luanda, após a unificação do Partido da Luta Unida dos Africanos de Angola (PLUA) com outros grupos nacionalistas clandestinos, entre eles o Movimento de Independência Nacional Angolano (MINA) e o Partido Comunista Angolano (PCA). A principal base de apoio do MPLA foi a etnia mbundo (os quimbundos), apesar que contou sempre com apoios noutros grupos tribais. Reuniu, além disso, elementos da pequena burguesia negra e mestiça e dos sectores operários.


O crescimento do MPLA foi lento, ainda mais quando, em Março de 1959 e Junho de 1960, ficou praticamente decapitado pela prisão de muitos dos seus escassos quadros no chamado «processo dos 5017». Neste processo foram incriminados 57 nacionalistas, alguns à revelia, dos quais 20 por pertencerem ao MPLA, destacando-se nestes o padre Joaquim Pinto de Andrade e Agostinho Neto. Nessa altura, a cúpula dirigente ficou constituída por Mário de Andrade, como presidente, e Viriato da Cruz, como secretário-geral, os quais, em face da situação, decidiram transferir a direcção do movimento de Luanda para Conacri.


Politicamente, o partido tentou a aproximação à UPA, por esta ser, então, a força nacionalista hegemónica na altura. Esta estratégia veio, contudo, a falhar inteiramente, em especial porque a UPA se transformou em FNLA no início de 1962, e porque este partido constituiu o GRAE, acções que consolidaram a imagem de Holden Roberto e impuseram a sua política como a única via independentista de Angola. O MPLA atravessou um período de contradições.


A situação em Leopoldville veio a agravar-se com a chegada de Agostinho ,o estatuto de assimilado visava criar personalidade jurídica aos indígenas. O ano de 1956 é uma data problemática, pois o aparecimento do MPLA em público deu-se em 1960 durante a conferência de Tunes, na Tunísia.


Foi designado “Processo dos 50” a um conjunto de três processos políticos que se iniciaram a 29 de Março de 1959 com as prisões de vários nacionalistas Angolanos, terminando em 24 de Agosto do mesmo ano com a última prisão. Deve-se esse nome ao facto de Joaquim Pinto de Andrade ter enviado para o seu irmão que vivia no exterior, Mário
Pinto de Andrade, um folheto denunciando a prisão de 50 nacionalistas.

Neto, em Julho de 1962, que havia fugido de Portugal. Já nomeado presidente honorário do MPLA, depois da sua detenção em Junho de 1960, chegou disposto a integrar-se na cúpula do partido, mas as suas ideias «presidencialistas» acabaram por chocar com a direcção, o que viria a provocar a demissão de Mário de Andrade.


Em Julho de 1963, a OUA criou uma comissão de reconciliação com a missão de aproximar o FNLA ao MPLA, mas acabaria ela própria por reconhecer o GRAE como a única organização representativa angolana, em face das divisões do MPLA. Neto e os seus seguidores culparam, por esta resolução da OUA, o trabalho fraccionário de Viriato da Cruz e do sector minoritário do movimento, que, aliás, tinha já sido expulso. Mas como um mal nunca vem só, Agostinho Neto, que tinha encabeçado a direcção com a promessa de incrementar a luta armada, acabou por não consegui-la, tanto pela política de obstrução da FNLA, como por acção do Governo de Lisboa.


Holden Roberto não queria competidores em solo bacongo, para além de se apresentar com o exclusivo da luta anticolonial, pelo que era essencial impedir a penetração do MPLA pela fronteira norte. Portugal, por seu lado, conseguiu de alguma forma comprometer o Governo Congolês na neutralização do MPLA, com a ameaça, sempre em jogo, do corte de saída do cobre pelo caminho-de-ferro de Benguela. Por estas e outras razões, o MPLA acabou por ser expulso do Congo-Brazzaville, onde, desde Agosto de 1963, se havia instalado um governo marxista, mais próximo do seu ideário. A partir daqui, o movimento podia aceder, com facilidade, à fronteira de Cabinda, onde iniciou a sua actividade militar.