Luanda - Rompe o sol e com ele o sofrimento de lutar por mais um dia de vida. Com ele rompe a incompreensão do fiscal do GPL que pretende pôr cobro à venda ambulante e em locais impróprios.

Fonte: http://kimboleitu.blogspot.com

Com ele rompe também a incompreensão dos filhos e do marido, que esperam da sua venda a refeição do dia, a propina da escola e a renda de casa.


Corre ela atrás dos clientes, correm os fiscais atrás de si; “tá qui água, eh carapau eh…., arreou, arreou”, no seu chamamento peculiar. Assim é o seu dia-a-dia, perdendo produtos, mercadorias, o parco dinheiro e energia.


Sua companhia diária é a poeira, o sol, o suor, o porrete e o berro, porque faltam-lhe recursos e influência para ter uma bancada no novo mercado do São Paulo, Congolenses, Cacuaco e outros. E porque o “Nosso Super” não é dela, também só o vê pela janela.


Também vê pela janela o famoso Março Mulher, onde nem se quer prova uma colher, ou coisa qualquer do mês em que deve ser elevada.


Mesmo assim parte sempre pronta para a luta, para mais um dia de desafios, fruto das “malambas” da terra, onde a guerra tudo ensinou, tudo levou e nada deixou.


Sua luta faz dela a mulher mais sofrida de África, na “zunga”, as vezes xingada pelos munícipes, que por esta Angola inteira à ela devem a sobrevivência.


Da “zunga” o pão; da “zunga” o chicote ou porrete, o tiro e as lágrimas; Da zunga a música, os poemas e livros.
A mulher “zungueira” está todos os dias a reflectir uma realidade que devemos mudar, porque com ela, Angola pode melhorar e ver seus filhos prosperar.