Luanda - Sempre que me proponho opinar sobre pessoas e acontecimentos, faço-o antes de mais com a serenidade e sentido de oportunidade que se impõem, contextualizando a acção à circunstância, recorrendo-me sempre à História – afinal não existe presente sem passado e o futuro precisa de ser traçado.

Fonte: Jornal de Angola

Temos de convir que a projecção de Angola no contexto das nações se deve em parte, à influente diplomacia adoptada com habilidade para defender os interesses nacionais num quadro muita das vezes adverso às nossas pretenções, e sobretudo, à perspicácia e ao estilo de liderança do Presidente José Eduardo dos Santos. Acrescendo-lhe ainda o mérito pela instauração do sistema democrático, o alcance da paz, a reconciliação e a reconstrução à escala nacional.


Quem acompanha os meandros da política doméstica pode depreender, sem equívocos, o papel preponderante que José Eduardo dos Santos presta ao País e ao mundo, começando pela reaproximação de pessoas desavindas geográfica e ideologicamente, a sua rigorosa orientação expressa às chefias engajadas nas frentes de combate, para que garantissem a integridade física dos beligerantes – não haveriam responsabilidades, nem culpa moral sequer, se recusasse prestar assistência médica e medicamentosa e até alimentar aos que aderiam morrer devido à desidratação aguda a que estavam acometidos : São raros estes exemplos de benevolência em África e no mundo e que devem orgulhar a todos – foram preservadas vidas – foram restauradas esperanças, que naqueles instantes, aos visados certamente eram moribundas.


Ocorre-me também que, em 2005, aquando do aparecimento da epidemia do Marburgo que assolava a província do Uíge, mesmo perante à insistência de certos sectores, inclusive o médico, para que esta circunscrição fosse isolada e que o auxílio ocorresse apenas “in-situ”, José Eduardo dos Santos, em mais uma demonstração da sua habilidade congregadora, não só rejeitou tais propostas, como também ordenou que fossem mobilizados mais recursos humanos, técnicos e financeiros e que se recorresse à ajuda externa especializada no combate àquela endemia.


A decisão permitiu a conjugação de esforços e o voluntarismo, que à semelhança da assistência médica e medicamentosa aprovisionada, foi determinante para o controlo da doença e deveras aplaudida pela população da terra do “bago vermelho”, bem como pela OMS e outras organizações nacionais e internacionais afins. Afinal o combate às assimetrias regionais para a manutenção da unidade nacional já começou há muito tempo. Este é um exemplo.

 

Militarmente, o Presidente da República foi o mentor da derrota das forças invasoras em Angola, bem como do famigerado apartheid da África do Sul que pretendia ramificar-se pela região Austral, e quiçá, por via da sua influência de outrora, abranger outras latitudes, subjugando-as com a conivência cínica do ocidente. A independência da Namíbia, alcançada à força, e o reconhecimento desse Estado ao apoio prestado pela República de Angola, (ainda que muitos tentem escamotear a verdade), é disto, um inequívoco exemplo de firmeza e de solidariedade para com outros povos.

 

Transição pacífica

Sectores internos e externos assomados pela ansiedade, ainda que amiúde o neguem, foram surpreendidos por José Eduardo dos Santos, quando anunciou que não mais se recandidataria à liderança do País (pois tinha ainda um mandato caso o quisesse) e apontou o nome de João Manuel Gonçalves Lourenço, Vice-Presidente do Partido como Cabeça-de-Lista do MPLA para as eleições gerais que serão realizadas em Agosto próximo, secundado por Bornito de Sousa.


A surpresa, que à época ecoava pelas principais redações internacionais, foi acolhida com respeito nas hostes do MPLA. João Lourenço e Bornito de Sousa têm sido descritos por militantes e recentemente pelo histórico dirigente do Partido, Lopo do Nascimento, que em entrevista à Televisão Pública de Angola, referiu-se a eles como “pessoas que fizeram a sua carreira no partido”, e por isso “conhecem como a máquina funciona”.


Neste caso atípico e exemplar de transição de poder em África e no mundo, o Presidente José Eduardo dos Santos fez as honras ao informar os seus homólogos da SADC, sobre os meandros do processo vigente em Angola, tal como fizera em recentes ocasiões ao Corpo Diplomático acreditado no País, bem como à Direcção da CEAST, afecta à Igreja Católica.


São gestos ímpares, caso para dizer que goraram as expectativas e os planos dos “vendem pátria”, que em conluio com as “forças negativas” de sempre, torciam para que isto desse torto, – que o País fosse mais uma vez adiado. Estamos em transição, um processo que marcará a História contemporânea e a geração vindoura. Bem-haja Presidente. Tal como em outras ocasiões desafiantes, mas promissoras, o Povo está contigo!

* Jornalista e Analista Político-Social