Luanda - Falando sobre a política a versão pode ter outro carácter. Entretanto, falando da História estaríamos a falar de um facto ou vários factos. Facto é facto e contra factos ninguém pode -argumentar. A política é estória e na estória há lendas, verdades e mentiras. Porém, a História por mais manipulações que sofra, os factos são demonstrados. Os historiadores por vezes para evitar manipulações preferem que os descendentes livres disso venham a lançar o que eles reportaram.

Fonte: Club-k.net

Interessa-nos falar dos crioulos de Luanda ou de Angola, do Ministério do Ultramar´, dos colonatos, dentre os quais destacaremos o da Cela, o colonato mais importante de Angola e por fim do Projeto Aldeia Nova.

Os crioulos são raça ou grupo etnolinguístico?


Os crioulos de Luanda ou de Angola eram um grupo social que nasceu no leste de Luanda e que mais tarde se espalhou por várias regiões de Angola. Era um grupo social composto por pretos, brancos e mulatos que sem olhar pela raça ou origem regional congregavam no seu seio indivíduos que aceitavam assimilar parte da cultura africana e outra da europeia e conviviam mutuamente sem descriminação. Era um grupo de invejar!

 

Comerciantes, funcionários públicos, soldados ou ex-soldados e outros que compunham o grupo que mais tarde invadiram Angola em todas as esferas da vida social.


Essa classe social era um grupo muito respeitado a nível de Angola e muitos deles foram nomeados para as funções públicas de vários sectores e níveis. E isso não agradou a alguns afectos ao colonialismo razão pela qual fizeram chegar ao governo Central, em Portugal que o grupo constituía um perigo para a colónia, pois tratava-se de um grupo que viria a fazer um golpe de estado na Colónia, proclamando a independência sem sangue.


Em resposta o governo português enviou mais funcionários públicos com a nomeação a partir de Portugal para a substituição dos que já existiam e reforçou o povoamento europeu na então Colónia portuguesa, Angola.


Não confirmo se esteve a mão do regime, ao certo é que surgiram no seio da classe discriminações e o grupo acabou por desaparecer.


Assim, para o povoamento massivo, surgiram os colonatos da Matala, Camabatela, Cela e outros, dependentes do então Ministério do Ultramar, que subordinava a Junta Provincial de Povoamento de Angola.

Pretende-se destacar o colonato da Cela porque era o mais importante de Angola e é o que o subscritor teve mais informações e viveu a realidade deste pequeno e grande território.

O colonato da Cela
O colonato da Cela foi um dos mais importantes se não o mais importante.
O colonato terá dado início em 1952, era constituído por 15 aldeamentos. Além do nome de origem atribuído pelas povoações de origem dos componentes dos colonatos também era usada a denominação pela numeração da Aldeia. Começou pela ordem da construção.

Para ser instalado foram humilhados os autóctones e os identificados como crioulos de Angola que faremos referências mais adiante.
Foram despojados das suas terras ou seja das terras férteis para muito distante. Uns foram parar nos cimos das montanhas e outros nas zonas do Lembo, Kassosso, Kassenguele, Zunzua e outros, a procura de sobrevivência.


Os latifundiários José Castanheira, aldeamento Sete e Florestas, Santos, aldeamento dez, Gonçalves Magalhães, substituído pelo Antero Horta, Manuel Couto, substituído pelo Bordão, Cunha, substituído pelo Alberto, Joaquim Couto, instalado no Morro -do -Tongo, José, mais conhecido por Pó Zé, do aldeamento 11, Machado, Colo-colo, ex-dono do hotel Guaraná, em Gabela-Amboim, Cunha ao lado do Couto e o Manuel Ventura mais conhecido por Manuel Caniamba, o grande promotor de festas na cidade, no aldeamentos 12 e no Concelho administrativo do Kassongue. Também tiveram a mesma sorte, acredita-se que eram crioulos.

Muitas delas eram um ponto económico muito importante.


Os aldeamentos de destaque eram o nº 15, onde estava instalada uma grande fábrica de lacticínios. Transformava um kilolítro de leite por hora em diversos derivados e trabalhava vinte quatro sobre vinte quatro horas. O aldeamento nº 12, não só pelas lindas e divertidas touradas que ai se realizavam, mas também pela atitude daquele povo que desde ilhas de Açores veio aqui parar. Não se sentia colono, pois também se sentia colonizado. Era tão amigo dos seus empregados razão pela qual os outros brancos diziam” amigos dos pretos”.


Nem tudo o que é mau o é a 100%, pois muita coisa deixou saudades. As grandes festas do aldeamento nº 9, também conhecido por Sé Nova, atraiam cidadãos vindos da África do Sul, Moçambique, Namíbia (ex-Rodésia), Portugal, Inglaterra e outros. Aí comia-se e bebia-se a valer, o bolso era o dono do fartar-se.


O colonato em Angola foi uma arma mortal contra os crioulos. Disparou e matou.

ALDEIA NOVA

Um projecto para o desenvolvimento ou para o subdesenvolvimento?


O projecto Aldeia Nova, um projecto idealizado pelo então Director da Bacia Leteira da Cela, o Dr.Felizardo Pedro Raul que movido pelo espírito progressista, depois de se inteirar de como os antigos colonos europeus se desenvolveram, abandonando os colonatos e fundando as fazendas médias, depois de enriquecer. O Director fez um projecto que levaria os ocupantes das aldeias ao enriquecimento fenomenal. Dentre os bens projectados constava uma carrinha,para cada ocupante, de 3,5 toneladas para evacuação dos produtos do campo para cidade ou da lavra para casa. Seria uma bênção para essas populações se o projecto fosse materializado, na integra!

Como se tivesse ofendido alguém o Dr. foi escamungado e atirado à sua sorte. Recuperado pelo Ministério, porque conhecia as suas potencialides.

Talvez isso ofendesse aqueles que o desenvolvimento de Angola fosse ofensa.


Uma das grandes bajulações é a promessa de melhorar a água, eximindo a Administração Municipal de fazer esse papel pondo de lado a política do Estado do” projecto água para todos”. Ao invés disso, os tubos de transportação de água, que o colono deixou, foram destruídos pelas máquinas do projecto e a política, inverteu os termos “projecto água para ninguém”. A energia electrica fornecida inicialmente no período da manhã e da tarde. Infelizmente, hoje só das 18 às 21 horas 50 minutos.


Não se consumou a entrega mensal de 60% da avicultura e 40 % dos produtos do campo, de lucros da empesa para os ocupante das aldeias.


Alguns terrenos foram atribuidos aos novos habitantes. A Cela tem terrenos baldios, porque é que não se construiu noutras áreas para apoio aos desmobilizados. Teriam mais espaço para trabalhar.


Foram feitas mais promessas. Os aldeões tinham direito a parabólicas comunitárias e a energia era constante. Até o citadino preferia viver num aldeamento. Conquistados os bens do povo, tudo mudou até a água dos galinheiros faz minutos. Quando as galinhas são abastecidas ela é fechada. Propaga-se por ai que os mais endividados lhes serão retidas as casas. Quando começou a pobresa? Nunca ninguém ficou tão atormentado como antes do projecto! Que grande balbúrdia! Há indivíduos que estão nas casas desde 1975. O projecto apareceu para tirar o que é do povo?


A justiça pode estar sobre a alçada de alguém, se destruir a sua própria camisa, se um membro da fmília se ofender e levar o elemento que faça isso, em vez de oferecê-la a um pobre. Imaginem detruir anexos constituídos por estábulos, armazéns, galinheiros, currais de bois, duas casas para empregados e pocilga!


Este projecto foi imposto ao povo por elementos ao serviço da Aldeia Nova.


AS terras que depois da retiradas dos colonos foram ocupadas pelos indígenas, infelizmente por más políticas da Aldeia Nova foram retiradas de novo aos povos. A final qual a diferença entre a Junta Provincial de Povoamento que desgraçou os crioulos e os indígenas da Cela em benefício dos europeus vindos de Portugal?


Não é que a Aleia Nova deixe de existir. O que é necessário é mudar de politicas. Devolva ao povo o que é do povo, os terrenos retirados, que sejam devolvidos e com os meios que tem apoiar o camponês e fazer com que uma percentagem seja vendida, obrigatoriamente à Aldeia Nova.

 

O Estado deve defender o povo. O único maior dedefensor deste povo é o estado.Por isso, a Esse cabe o dever de promover um controlo e fiscalização à empresa Aldeia Nova, para este povo voltar a sorrir.

 

Os povos aldeões que nunca pensaram em endividarem-se, hoje estão em dividas de mais de cinco milhões de kuanzas. Os trabalhadores e avicultores ganham miséria o que os obriga muitas vezes ao roubo. Talvez uma fiscalização às contas desta empresa resolvesse muitos dos problemas que este povo e trabalhadores enfrentam.

Aldea Nova é uma arma empobrecedora dos indígenas da Cela. Disparou e empobreceu.


Há empresas que nascem, são projectadas inicialmente como estatais, depois são redimencionadas e transitam para sociedades anónimas e reponsabilidade limitadas. As depesas para a criação de empresas inicialmente são do estado, fundadas com custos estatais e depois privatizadas sem que o detentor reponha os custos! Dá apenas um valor simbólico.


Acho bom que o servidor do estado em regra se defina se é privado, não trabalhar no Estado ou servidor do Estado, ter direito ao trabalho. Não se pode ser arbitro e jogador ao mesmo tempo. Porquê ? Porque ao projectar leis, regulamentos e fiscalização do cumprimento destes não o faz com transparência.

Poderá um ou outro corrupto jornalista, ser corrompido e desvirtuar a verdade porque a imprensa é uma arma. Mas quem quiser vai ao terreno e converse com os povos.