Luanda - PP: Esta crónica não é de fácil compreensão, não. Haja esperança. É só orar… Estou a atravessar uma séria crise existencial, desde que me foi diagnosticado um glaucoma avançado em Dezembro de 2012. O glaucoma é um «dodói» degenerativo de foro ocular que leva à cegueira. É incurável. Alguém me disse que os egípcios já haviam conseguido isolar a proteína que causa a doença há mais de 2000 anos atrás, mas o certo é que o máximo que a medicina convencional consegue fazer é retardar o avanço da maleita, seja com colírios ou seja por cirurgia. Perder a visão era o pior que me podia acontecer.

Fonte: vivenciaspressnews

Tanto é assim que, embora o Mariano de Almeida defenda que um gajo sem «pipito» é um gajo morto, se me dessem a escolher entre ser capado e ficar cego eu preferiria mil vezes a primeira opção. Para mim sem luz, não há vida. Daí que tenha entrado em parafuso. No auge da crise, cheguei a ter ideia suicidárias, mesmo depois do Armindo Laureano e de outros gajos mais chegados não se cansarem de me fazer ver que ainda que a cegueira venha acontecer continua a haver muita vida para além dela eu que ficasse mazé bem disposto. E deram-me alguns bons exemplos de superação: Steve Wonder, Ray Charles, Andreia Bocelli, o nosso Minguito, José Sayovo e Oscar Ribas alguém ainda me falou de um rapaz bem mulherengo que chegou a ser ministro do interior da Inglaterra ou do Reino Unido aí há uns anos, outro lembrou que até chefe de terroristas cego já tivemos no Japão, naquela historia do Gás Sharin no metro de Tóquio ou assim. Sem esquecer da nossa Teresa, aquela massagista que fazia ou faz milagres com as suas mãos de fada em muito boa gente. Só não gostei de ouvir que havia ou há gajos e gajos cheios de saúde que lhe lixavam ou lixam boa parte do custoso dinheiro que ela fazia ou faz. Imaginei qual a melhor maneira de acabar comigo: a tiro, enforcado, cortando os pulsos, atirando-me de um prédio, ou tomando soníferos.


A acontecer, teria preferência pelo método dos comprimidos. Um gajo toma, dorme e já está. E já está coisa nenhuma mazé. Falta é a coragem. Aliás, ao contrário do que quase todo mundo diz quem comete suicídio é para mim alguém muito corajoso e não um cobardolas, como é normalmente rotulado. Na passada, cheguei a desenvolver algumas teorias sobre o direito à morte, eutanásias e tal, que são coisas que vamos ter que discutir mais tarde ou mais cedo, melhor será se não for daqui a 50 anos. Eu defendo que, quem quiser matar-se que se mate. Na verdade, fazendo bem as contas se houver alguém realmente interessado em falece-se ninguém o pode impedir, além dele próprio. E foi isso que terá acontecido comigo. Já abandonei todas as ideias suicidárias. E a razão foi simples : Ciúmes da boa vida que todos os gajos da minha pinha continuariam a desfrutar estando eu do outro lado e para não ter o desgosto de ir primeiro que os meus principais adversários políticos e outros. Por exemplo confesso que ficarei muito zangado se morrer primeiro que o Riquinho. Em paralelo a isso, desenvolvi o pensamento de que atingiria o clímax dá satisfação se a minha morte acontecesse ao mesmo tempo que a de todos os demais seres viventes existentes na terra ou seja: Estou desejando que aconteça o fim do mundo o mais rápido possível.


Tenho rezado para que tal aconteça. Mas, como deus não tem escutado as minhas orações, dei pulos de alegria quando ouvi dizer que presidente americano tinha dado praticamente inicio a terceira guerra mundial, com um demolidor ataque de mísseis a uma base militar usada pelos os russos na Síria. «Até que enfim vamos ter o fim do mundo que tanto esperava», exultei dentro de mim, bem alegre da vida, só de pensar que nem o Jocobino haveria de sobrar para me ficar com a Marquinha e todas as outras. Assim é que está bom: vamos todos de uma vez. Mas, como a alegria do pobre dura pouco no dia seguinte ouvi dizer que o ataque fora « embora» da pimpa, já que o camarada Trump tratara de avisar ao camarada Putin que piruetas haveria de fazer, era melhor tirar de lá as tropas e os aviões russos, deixando lá uns 5 ou 6 «Arabos» para morrerem de um coro. O resto é tudo truque. Não será desta que haverá fim do mundo.
– Porra, brincadeira tem hora.


Nota: Gostava de puder vir a beneficiar de uma bolsa de estudo do estado em Lisboa, para aprender braile e acabar o meu curso de Direito, certamente com distinção ao menos isso, já seria justo, ainda que algo a destempo.