Lisboa -  O cabeça-de-lista do MPLA às próximas eleições gerais, general João Lourenço, prometeu recentemente   um “cerco apertado” à corrupção, que está a “corroer a sociedade”, e o fim da “impunidade” no país. Porém, em meios do regime  há receios de que o seu recente encontro, em Cabinda,  com o empresário  suíço de origem angolana Jean-Claude Bastos de Morais pode ser aproveitado pela oposição para por em causa o seu anunciado combate contra a corrupção. 
 
Fonte: Club-k.net
 
Lourenço elogia projecto que advém da corrupção
 
A conclusão é baseada pelo facto de João Lourenço ter visitado e abençoado um projecto conduzido por Jean-Claude Bastos de Morais que resultou  de praticas de corrupção  e de favorecimento ilícito, em violação a lei da probidade pública. Trata-se  do  projecto do Futuro Porto do Caio. 
 
 
Lançado em 2012, o projecto do  futuro Porto do Caio está a ser construído pela empresa Caioporto S.A e financiado pelo Fundo Soberano de Angola. A Caioporto S.A. foi criada a 16 de Outubro de 2011, por Jean-Claude Bastos de Morais,  conhecido “testa de ferro” de  José Filomeno Sousa dos Santos, o PCA do Fundo Soberano, representando assim praticas de favorecimento e trafico  de influencia. 
 
A idoneidade moral  de Jean Claude Bastos de Morais tem sido questionável.  Em 2011, ele foi  condenado  por um tribunal criminal na Suíça por "repetida má administração criminosa" e foi multado em 4500 francos suíços, com uma pena financeira substancialmente maior suspensa.
 
O custo total do projecto (Porto do Caio) é de 540 milhões de dólares. 180 milhões dos quais seriam avançados por investidores privados e 360 milhões proviriam de empréstimos concedidos por instituições financeiras. 
 
 
O Fundo Soberano, entidade estatal, cobre 15 por cento do total do financiamento requerido, uma fatia que competia à Caioporto. Em valores monetários, os 15% correspondem a 124 milhões de dólares já avançados através da linha de credito da China.
 
 

Porém, o Fundo Soberano anunciou o investimento de 180 milhões de dólares ao contrario de 124 milhões (da linha de credito da China) deixando suspeitas de sobre-facturação.
 
 
Recentemente, o   portal “Maka Angola”, do  Jornalista  Rafael Marques de Morais  levantou questões  lembrando que  “São 56 milhões de dólares a mais”, para logo a seguir perguntar “Quem, no aparelho de Estado, tem coragem de perguntar a Zenú e ao seu amigo Jean-Claude Bastos de Morais para onde desviaram esse dinheiro?”
 
 
Depois de construído, a  Caioporto, empresa do amigo de Zenú dos Santos ira deter 50% da gestão do futuro porto do Caio. Porém, para encobrir a lavagem de fundos que envolveu a construção desta obra, o  seu gestor  Jean-Claude Bastos de Morais tem distraído a opinião pública nacional e internacional usando  a justificação de que o projecto vai criar 30 mil empregos e que a sua construção “corresponde aos anseios da população de Cabinda e dos agentes econômicos da região”.
 
 
 Ao visitar o local, o candidato  do MPLA, João Lourenço, suportou-se também nas justificações de Jean-Claude Bastos de Morais afirmando que “a infra-estrutura deve gerar mais empregos para os jovens e impulsionar a economia da região.”
 
Analistas ouvidos recentemente  pela DW África, duvidam que nestas condições o general  João Lourenço consiga fazer combate a corrupção. O jornalista e economista Alexandre Neto Solombe  diz que caso seja eleito como Presidente da República e as suas palavras sejam efetivadas João Lourenço "vai combater-se a si mesmo”.
 
 
“Como é que ele promete combater a corrupção no governo e vai a Cabinda elogiar um projecto que não é exemplo de transparência e que a sua concepção resulta da corrupção condenável  pela lei da probidade pública”, questiona o estudante de sociologia Pedro Malembe.