Luanda - Angola não está a atravessar uma fase de transição de poder, mas sim uma fase de substituição no topo do MPLA, disse o activista Mbanza Hamza.

Fonte: VOA

Falando no programa “Angola Fala Só”, o activista afirmou que “José Eduardo dos Santos é militante do MPLA e João Lourenço é militante do MPLA,” pelo que a decisão de nomear João Lourenço como candidato á presidência “é um arranjo do MPLA”.

 

“É uma substituição, não é uma transição”, disse Mbanza Hamza para quem o 14 de Abril não é o dia da juventude angolana, mas sim um dia de significado para o MPLA.

 

Mbanza Hamza é um dos signatários da organização Handeka, cujo programa de actuação está ainda a ser elaborado.

 

A oranização visa combater “todos os constrangimentos que impedem o exercício da cidadania," disse Hamza.

 

Hamza é um dos 17 actvistas julgados há alguns meses atrás, condenado a prisão e depois amnistiado.

 

Durante o programa, afirmou que todo esse processo serviu para fortalecer os laços entre os activistas.

 

Um aspecto irónico da sua libertação é que “hoje quase que não há tempo para nos visitarmos”, disse.

 

Ele foi reintegrado como professor, após ter contestando a sua suspensão.

 

Hamza disse que o nome “Movimento Revolucionário” que é dado aos activistas foi algo criado pelos meios de informação. Ele recordou que os activistas que foram presos e julgados nunca tiveram uma organização formal com uma hierarquia.

 

Interrogado sobre se se considerava um pessoa “da esquerda ou da direita”, Hamza disse não se identificar com esses rótulos.“A nossa principal missão é cuidar uns dos outros”, afirmou.

 

“Não é preciso ser de esquerda ou de direita para fazermos o bem pelos outros”, acrescentou.

 

O activista disse que “quando um governo não cumpre com as suas responsabilidades, deve ser sancionado”.Essa sanção pode ser levada a cabo através de eleições ou “na rua”.

 

Nas urnas, disse, o que deve decidir é o programa apresentado pelos partidos e depois disso um partido “precisa de convencer com o seu trabalho”.

 

O activista alertou para a possibilidade da oposição ser destruída pela corrupção.

 

“O MPLA tem usado a corrupção, compra-se o líder estraga-se o partido”, afirmou.

 

Mbanza Hamza defendeu a necessidade da oposição formar uma coligação para as eleições.

 

“Com uma coligação, a oposição tem mais chance (...) eu aceitaria trabalhar para uma coligação”, disse.

 

Interrogado sobre se a mudança em Angola está muito distante, Hamza disse que isso depende do povo angolano.

 

“A mudança está à distância da nossa vontade e determinação”, afirmou.

 

Um ouvinte quis saber a sua opinião sobre a questão de Cabinda. Mbanza Hamza disse não se opôr ao princípio da autonomia.

 

“Não sou alérgico à autonomia de Cabinda”, disse. “A alergia” a esse conceito “é própria de quem há 55 anos é um bebé e não evolui”.

 

O activista advertiu que “não é pela força que se resolve essa questão”, e o nível de autonomia pode ser discutido.

 

E não discutir a questão é um perigo maior para a desintegração de Angola, disse Hamza.