Luanda - O secretário de Estado para os Assuntos Institucionais e Eleitorais suspeita que a UNITA está por trás de um caso de um cidadão registado duas vezes. UNITA nega, afirmando que duplo registo se deve a "falha técnica".

Fonte: DW

O secretário de Estado para os Assuntos Institucionais e Eleitorais, Adão de Almeida, disse que o Ministério encontrou um caso de duplo registo eleitoral de um militante da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), suspeitando do envolvimento do maior partido da oposição.


A revelação foi feita durante um encontro realizado pelo Ministério da Administração do Território, em que participaram os representantes de vários partidos políticos, incluindo a UNITA e o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), no poder.


De acordo com Adão de Almeida, "o cidadão em causa fez dois registos, ambos submetidos a análises biométricas", para provar alegadas irregularidades no processo eleitoral.


Afirmando que o caso já tinha sido reportado pela UNITA em novembro de 2016, o secretário de Estado interrogou: "[o partido] vem denunciar publicamente um cidadão que é membro da comissão municipal eleitoral e que tem dois cartões. O que devia ter sido feito neste caso? Dizer publicamente que o sistema não é fiável porque ele tem dois cartões? Ou pegar no caso e mandar para a Procuradoria para o cidadão responder criminalmente por ter feito dois registos?".


Contactado pela DW África, Vitorino Nhany, secretário para os Assuntos Eleitorais da UNITA, afirma que, ao imputar culpas à UNITA, o secretário de Estado para os Assuntos Institucionais e Eleitorais está a agir de má fé.
Nhany afirma que o que Adão de Almeida pretende "é contrariar todas as aberrações que foram verificadas no próprio processo eleitoral".


"Se formos honestos, o senhor Adão de Almeida é membro do Comité Central do MPLA. E esse membro do Comité Central do MPLA é que conduziu o próprio registo eleitoral", lembra.


O responsável da UNITA nega que o partido tenha instruído o militante a fazer dois registos, dando conta que o duplo registo se deve a uma falha técnica.


Nhany sublinha que a UNITA espera que haja transparência no processo eleitoral e que, por essa razão, pediu reuniões técnicas para debater o assunto em fevereiro.


"O que pedimos foi uma reunião técnica entre os técnicos do partido e do registo eleitoral. Seria neste encontro onde iríamos apresentar uma série de aspetos de duplicidade de cartões ou de registo para isso ser corrigido, mas até à presente data nunca tivemos resposta", explica.