Luanda - A primeira fase da greve convocada pelo Sindicato dos Professores Angolanos (SINPROF), entre 5 e 7 de abril, deixou várias escolas do país fechadas por falta de professores. Durante a paralisação, os sindicalistas fizeram várias denúncias de "retaliações e intimidações" contra os docentes.

Fonte: DW

Esta terça-feira (25.04.), os professores angolanos iniciaram a segunda fase da greve, convocada sábado passado pelo SINPROF, e que deverá manter-se até ao próximo dia 5 de maio, em pleno período de exames. Aumentos salariais e atualização de carreiras, propostas que o governo não responde desde 2013, são as razões da paralisação.


Nesta terça-feira (26.04.), segundo dia dos exames, os professores faltaram ao trabalho. À DW África, uma professora que dá aulas numa escola do município do Ícolo e Bengo, e que não se quis identificar, afirmou esperar que a paralisação pressione as autoridades a darem resposta às reclamações dos educadores.


Segundo a docente, há muita gente a morar no centro de Luanda e a trabalhar no centro de Catete a passar por dificuldades por causa dos transportes. "Esta greve veio para nos ajudar porque precisamos de um salário justo e que o governo atualize as categorias e os subsídios. Ainda que não regularizem a questão dos subsídios de transporte, que atualizem as categorias ", reivindica.

Patrícia Manuel e Isabel António são alunas do sétimo ano na Escola 8051, no Município de Cacuaco, província de Luanda. Tinham agendado para esta terça-feira (25.04.) um exame, no entanto, por causa da greve, este não teve lugar.


Para estas alunas, a paralisação dos professores poderá por em causa o ano letivo. "Ficámos à espera que nos mandassem entrar nas turmas e não nos diziam nada”, descreveram em entrevista à DW África, acrescentando que o anúncio de greve, colado na parede da escola, dá conta que os alunos só devem retornar à escola no próximo dia 5 de maio. "E também estão a dizer que vamos fazer as provas no período das férias", acrescentam.


Balanço positivo, apesar da detenção

O secretário-geral do Sindicato dos Professores Angolanos, Guilherme Silva, fez um balanço positivo do arranque desta greve e lamentou a detenção de Fernando Laureano, responsável da SINPROF em Luanda. Guilherme Silva explicou que o sindicalista está detido no comando da Polícia de Cacuaco por não ter permitido que o diretor municipal da Educação coagisse os professores a trabalharem no dia da greve: "Não temos muitos pormenores. O nosso advogado já está a caminho de Cacuaco."


O Secretário-geral do SINPROF diz que o facto de realizarem a paralisação no período das provas não é sinónimo de prejudicar os alunos. Para Guilherme Silva, esta é uma forma de "ensinar os alunos a lutar pelos seus direitos para que possamos ter um ensino de qualidade”. "Cabe os alunos ou os encarregados de educação, perguntarem ao ministro da Educação o porquê desta interrupção das aulas", sugere o sindicalista, alegando que se o governo atendesse as queixas, os docentes estariam a dar aulas.

 

SINPROF pede demissão do Ministro da Educação

Guilherme Silva lembra que as questões em cima da mesa têm vindo a ser reivindicadas desde 2013. De acordo com o sindicalista, "se o ministro considerasse isso como uma prioridade, e anualmente colocasse isso nas projeções orçamentais, hoje não estaríamos aqui a tratar desta questão".


Segundo informações divulgadas pelo SINPROF, o Ministério da Educação terá remetido ao Presidente da República, José Eduardo dos Santos, um documento segundo o qual os docentes de classes sujeitas a exames finais devem receber, anualmente, um subsídio especial. No entanto, Guilherme Silva afirma que os educadores nunca receberam tais remunerações e por isso exige a demissão do ministro Pinda Simão. "Ele deve pôr o seu lugar a disposição porque não tem condições de continuar a ocupar o cargo de ministro da Educação ", frisa.