Luanda - Os Verdadeiros Heróis da Nossa Luta pela liberdade continuam esquecidos: o caso do Centro evangélico da ESSOQUELA (no troço Bocoio-Balombo - Planalto Central de Angola (1950-1966).

Fonte: Club-k.net

Em 1957 a PIDE (Policia internacional de defesa do Estado) instala-se em Angola. Em 1959 vagas sucessivas de prisões desarticulam as redes (clandestinas) de diferentes grupos políticos. No Lobito foram logo detidos indivíduos ligados a Organização Cultural dos Angolanos:

 

Júlio António Afonso, professor principal na escola protestante da Kanata, Isaías Canutula de Almeida, secretário da missão evangélica do Lobito, Tomás de Cunha e Lourenço João Sequeira da Igreja metodista de Malange à época, enfermeiro no porto do Lobito, Alfredo Benga um funcionário público, acusados de terem contactados com os africanos oriundos de países independentes como , por exemplo, o Gana e a Libéria. Quando estalou a revolta do 15 de Março, a polícia política e os funcionários da administração do Lobito lançaram um verdadeiro ataque aos alvos cristãos, líderes, professores e enfermeiros protestantes.

 

Um dos primeiros alvos foi a comunidade protestante na região do Bocoio-Balombo, situada entre 100 a 150 km do Lobito. No domingo de Páscoa, pouco antes do romper do dia, a PIDE invadiu as aldeias e centros protestantes principais e prendeu os respectivos pastores evangélicos e chefes, levou-os para a prisão do Lobito, interrogou-os e torturou-os.


A região de Bocoio/Monte Belo era servida por dois centros protestantes: o de Caluvango, pertencente à igreja do Lobito e o de Essoquela da Igreja Philafricana com sede na missão evangélica da Ebanga-Ganda.


O Pastor Jessá Chipenda, iniciou a evangelização e enviou professores para a região do Bocoio.


O centro evangélico do Caluvango a norte do Bocoio, era dirigido pelo reverendo António Cavita Ngola que manteve relação mais estrita com a Igreja do Lobito.


A Missão Evangélica da Essoquela era dirigida pelo reverendo João Moko (pai do Dr. Júnior João, antigo vice Ministro do MINARS no GURN).


Esses líderes da igreja cristã foram maltratados e levados presos para a tenebrosa prisão do Lobito acusados de promoverem actividades subversivas e apoiantes das actividades de Júlio Cacunda, o filho do pastor evangélico Gaspar Vanhale, do centro de Balombo, que pertencia a igreja de Elende.


Muitos destes ilustres filhos de Angola morreram em defesa do direito do povo angolano à liberdade e independência, mesmo sem saber do que se tratava..


Júlio foi acusado de ter procedido à distribuição de panfletos que incitavam à revolta contra os brancos tais como: «A liberdade chegou finalmente; Está na hora; não vos escondais mais, para que possamos salvar o nosso país dos brancos. Liberdade. No dia 2 de Abril, onde quer que vejais um branco, matai-o. Eyovo lu viali. Kaliye otembo ya pitila. Limalehe oco tu popele ofeka yetu. Eyovo! eteke lia vali ko sai ya kupupu apa posi wa muili ocindele pondi.» (HENDERSON, 1990, p. 319). Foi panico total na região centro e sul de angola e as actividades da Igreja protestante pararam imediatamente na região de Bocoio. Muitos pastores, professores e enfermeiros da igreja protestante foram executados e outros condenados e enviados para o Campo de Concentração de S. Nicolau, para o desterro!

Para quando a história contemporânea de Angola inclusiva?


Urge eternizar a memória histórica dos verdadeiros heróis do povo angolano.

Falemos deles.