Luanda - Eleições transparentes e justas, programas realistas e igualdade de tratamento de todos os partidos pelos meios e comunicação social públicos são os principais desejos dos ouvintes e internautas que participaram no programa Angola Fala Só nesta sexta-feira, 5.

Fonte: VOA

Sem convidado especial, o programa teve por tema as expectativas dos angolanos em relação às eleições gerais de 23 Agosto.

 

“Transparência nas eleições e liberdade para que todos votem”, foi o desejo mais repetido pelos participantes porque, como reiterou um ouvinte em Malanje, citando um ditado popular, “o que aconteceu não poder voltar a acontecer”.

 

O resultado vai depender muito da participação popular, embora alguns tenham questionado “o registo eleitoral que teve muitas irregularidades” e durante o qual “os fiscais dos partidos da oposição foram muito maltratados”.

 

Apesar da expectativa “em que o povo fará ouvir a sua voz e que o povo angolano merece eleições limpas, transparências e justas”, muitos ouvintes e internautas consideraram que é um “jogo de cartas marcadas”, com o partido no poder a sair na frente.

 

“O MPLA está há muito a fazer campanha, com todo o aparelho do Estado a levar ao colo o candidato João Lourenço”, afirmou um ouvinte de Luanda, no que foi corroborado por outro no Kwanza Norte que contou “que as instituições da justiça estão fechadas desde ontem, quinta-feira, 4 de Maio, e a polícia bloqueou hoje o mercado municipal, para que todos fossem participar no acto de apresentação do candidato”.

 

O trabalho dos meios de comunicação públicos, que são os únicos que cobrem todo o território nacional, foi alvo das críticas da maioria dos participantes que apresentaram exemplos de como o MPLA e o seu candidato “têm horas e horas de cobertura, enquanto a oposição e os partidos, quando aparecem, não têm mais do que minutos na antena”.

 

“Como é que os angolanos vão analisar os programas dos partidos e dos candidatos se conhecem apenas os do partido no poder”, questionou um ouvinte que ainda acusou a imprensa pública de “mostrar apenas os lugares bonitos, onde há prédios, enquanto na maior de Angola não há infraestruturas, energia eléctrica e condições condignas de habitação”.

 

A actuação dos partidos políticos da oposição não passou também no crivo de muitos ouvintes que os acusaram de “dormir à sombra da bananeira”, enquanto o MPLA há muito está em pré-campanha.

 

Apesar de reconhecerem que o partido no poder aproveita o aparelho do Estado, em particular os meios de transporte e a imprensa, apontaram o dedo ao fraco desempenho dos partidos da oposição que não “entram muito tarde na campanha, enquanto já deviam estar no terreno”.

 

“Não sei onde estão, não os vejo no terreno”, lamentou um ouvinte.

 

Outro participantes apontou o dedo ainda às guerras internas dos partidos, como a CASA-CE, a FNLA e o PRS e “a desorganização que todos revelam”, factores que os levam a “não estarem no terreno, sabendo que o MPLA é já um partido experiente e com 42 anos no poder”.

 

“Depois vêm dizer que houver fraude”, acusou um ouvinte, que pediu aos partidos da oposição que trabalhem “principalmente com os jovens, os estudantes, que têm uma mente aberta, há que Angola de hoje não é Angola de 2012”.

 

Internautas que se encontram no exterior manifestaram o seu descontentamento por não poderem votar “por vontade do MPLA” e pediram aos eleitores que “se dirijam às urnas e que além de votarem, exijam o seu papel de controlo para que não haja fraudes”.

 

Em termos de expectativas depois das eleições, vários participantes apontaram o emprego e políticas para a juventude como os principais eixos do próximo Governo “que terá de olhar para o povo e não apenas para aqueles que pertencem aos partido no poder”.

 

Acompanhe o programa e ouça as diversas opiniões.