Brasil - O casal de publicitários brasileiros João Santana e Mônica Moura, implicados no mega esquema de corrupção investigado no âmbito da Lava Jato, revelaram à Justiça, em delação premiada, cujo sigilo foi levantado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que aceitaram um contrato de gaveta no valor de US$ 20 milhões de dólares, para pagamento da campanha eleitoral de José Eduardo dos Santos.

Fonte: África 21 Digital


Nos depoimentos de Mônica Moura ao Ministério Público Federal, agora tornados públicos, a publicitária diz que o contrato foi intermediado pelo grupo empresarial brasileiro Odebrecht. O pagamento por baixo dos panos teria sido, segundo disse, uma condição colocada pelo MPLA, partido no poder, presidido por José Eduardo dos Santos.


O acordo, negociado por Rui Falcão, então secretário do Bureau Político do MPLA para Informação, órgão de cúpula do partido presidencial, estabelecia, de acordo com Mônica Moura, que o pagamento de US$ 50 milhões de dólares seria feito em duas modalidades, sendo US$ 30 milhões num contrato formal e US$ 20 milhões por meio de contrato de “gaveta”.


A publicitária, que liderava as operações financeiras da empresa de marketing brasileira, detalhou que, dos US$ 20 milhões de dólares, 15 milhões foram pagos em dinheiro vivo, em Angola, enquanto US$ 5 milhões foram depositados numa conta, denominada Shellbill, na Suíça. Este último valor seria relativo ao projeto da campanha, elaborado por João Santana.


Segundo a delação, a contratação da empresa de publicitários resultou de pedido feito diretamente pelo ex-presidente do Brasil Luiz Inácio Lula da Silva , que tinha na altura acompanhado Emílio Odebrecht numa visita a Angola.