Lisboa - O presidente da Frente de Libertação do Estado de Cabinda (FLEC), Emmanuel Nzita, exortou hoje o Vaticano a pronunciar-se sobre a "tragédia diária" naquele enclave angolano, numa mensagem a propósito da visita do papa Francisco a Fátima, em Portugal.

Fonte: Lusa

Em comunicado enviado hoje à Lusa, em Luanda, o presidente daquela organização que defende a autonomia de Cabinda e que já reivindicou, através do braço armado, as Forças Armadas Cabindesas (FAC), vários ataques mortais a militares angolanos nos últimos meses, escreve que "agradece e solidariza-se com a visita do papa Francisco".

 

"Fátima é um altar de esperança e um exemplo para a paz no mundo, motivo pelo qual agradecemos ao nosso papa Francisco que reze por Cabinda e pelo direito à autodeterminação das suas gentes. Nós, os cabindas, agradecemos todo o apoio que a nossa comunidade, presente no santuário, tem recebido por parte dos nossos irmãos portugueses e também das autoridades eclesiásticas", lê-se no comunicado, assinado por Emmanuel Nzita.

 

A FLEC-FAC luta pela independência de Cabinda, alegando que o enclave, de onde provém a maior parte do petróleo angolano, era um protetorado português, tal como ficou estabelecido no Tratado de Simulambuco, assinado em 1885, e não parte do território angolano.

 

Criada em 1963, a organização independentista dividiu-se em diferentes fações, efémeras, com a FLEC-FAC a manter-se como o único movimento de resistência armada contra a administração de Luanda, tendo reclamado a autoria de vários ataques mortais junto das Forças Armadas Angolanas desde 2016, os quais são negados pelo Governo de Luanda.

 

"O regime angolano, ateu e marxista, que tudo corrompe, não conseguirá quebrar a esperança e a nossa ligação ao nosso clero. Chegou a hora do Vaticano se pronunciar sobre a tragédia diária de Cabinda, como amante de paz e reclamar e defender este povo", concluiu o comunicado da FLEC-FAC.

 

O papa Francisco canoniza hoje, em Fátima, os beatos Jacinta e Francisco Marto, duas crianças que, em 1917, afirmaram ter assistido à "aparição" de Nossa Senhora.

 

A canonização marca o ponto alto das comemorações do Centenário das Aparições da Cova da Iria e tem lugar no início da missa que o papa concelebrará no altar do recinto a partir das 10:00.