Luanda - “Para utilizar uma expressão de Maurice Hauriou, diríamos que o sufrágio é antes de mais « a organização política da aprovação» (Maurice Hauriou Apud António José Fernandes, 2010). De facto, o eleitor é chamado muitas vezes a dar a sua opinião através de processos referendários. Mas o sufrágio é também e sobretudo a escolha dos governantes pelos eleitores. Em primeiro lugar, os cidadãos eleitores podem ser chamados a escolher os membros dos órgãos de soberania e dos órgãos do poder regional e local, expressando a sua vontade através do voto. Nestes casos estamos perante actos eleitorais” (Introduçãoà Ciência Política: Teorias, Métodos e Temáticas, 3.a Edição, Porto Editora, p. 212).

Fonte: Club-k.net

Os partidos políticos são actores essenciais para o aprofundamento da democracia. Para o professor António José Fernandes “os partidos políticos são organizações que lutam pela aquisição, manutenção e exercício do poder. Pode, pois, dizer – se que os partidos políticos são organizações sociais voluntárias, com carácter de permanência e duração razoável, que lutam pela aquisição e exercício do Poder, através de meios legais e democráticos. Os partidos políticos não pretendem apenas influenciar ou pressionar o aparelho do Poder, mas sim conquistar e exercer o Poder político. Qualquer organização social, mesmo que tenha uma duração razoável e disponha de uma implantação generalizada, tem que definir como objectivo prioritário e justificativo da sua existência a conquista e exercício do Poder político para poder ser considerada um partido político. Se lhe faltar a ambição de conquistar e exercer o Poder, não será mais do que um grupo de pressão ou um grupo parapolítico” (Introdução à Ciência Política: Teorias, Métodos e Temáticas, 3.a Edição, Porto Editora, Lda- 2010, pp. 187 - 188).


Os angolanos foram chamados às urnas para no dia 23 de Agosto de 2017 exercerem o seu (dever de cidadania, artigo 54.o, n.o 3, da CRA). Nesta óptica, os angolanos terão uma substancial e espinhosa tarefa no sentido de e por intermédio do voto, definir os seus próprios destinos. Os angolanos vão assumir o contrato no dia 23 de Agosto do ano em curso com o governo que for a passar pelo seu crivo. O povo vai delegar o seu poder aos futuros governantes, vai exercer a sua (soberania art.3.o, n.o1, da CRA).

 

Se por um lado, o cidadão eleitor de uma forma geral vai exercer o seu direito de voto, por outro lado, os partidos políticos que se vão submeter por intermédio dos seus candidatos ao crivo do povo, precisam obviamente de apresentar os seus programas de governação. Na verdade, temos assistido alguns a apresentar os seus programas de governação. Contudo, temos igualmente assistido outros que têm estado aquém das expectativas. É chegado o momento de os partidos políticos individualmente ou coligados exercerem o seu marketing político. O marketing expressão inglesa que significa a acção de gerir em ambiente de mercado, então, o marketing político pode ser considerado como uma acção destinada a convencer o cidadão – eleitor com temas actualizados e de seu interesse para votar no partido. No nosso entender o mercado dos partidos políticos é constituído pelos cidadãos – eleitores. Os partidos políticos na prossecução dos seus objectivos consubstanciados na manutenção ou conquista do Poder político, procuram à todo o custo estabelecer uma relação de negócio com os seus clientes (eleitores).

 

O negócio dos partidos políticos é a mensagem que ao ser passada para os seus clientes (eleitores) está a ser vendida como produto cuja concorrência ou receptividade positiva ou negativa reflectir – se – á no dia do voto e nas urnas. Em suma, existe uma reciprocidade de interesses entre os vendedores de produtos que são os partidos políticos e os consumidores dos aludidos produtos que são os cidadãos – eleitores. Estes últimos precisam de saber que benefícios terão se votarem no partido A ou B em função dos programas apresentados. Daí a necessidade de os partidos políticos passarem as suas mensagens permanentemente e não somente na fase de campanhas eleitorais. Também, gostaríamos de definir um pouco o conceito de produto na acepção em que estamos a nos referir. O produto salvo opinião contrária é a sabedoria política do candidato/partido que consiste na selecção de temas específicos a serem tratados, adequados ao modo de vida de um determinado público – alvo.

 

Dizia o (Prof. Adriano Moreira 1979 Apud António José Fernandes, 2010) que «a vontade de exercer o Poder, e não simplesmente de o influenciar, distingue o partido do grupo de interesses e de pressão» (Introdução à Ciência Política: Teorias, Métodos e Temáticas, 3.a Edição, Porto Editora, p. 188).

 

Chegou a hora de os partidos políticos demonstrarem o que pensam sobre a vida do país e dos angolanos.