Luanda - Afinal o que é que custa? – Esta é uma pergunta que coloco, a mim mesmo, todos os dias, diante da competição política que envolve as foças políticas no nosso país.

Fonte: Club-k.net

Afinal o que é que custa?....

Há poucos menos de três meses da realização das eleições gerais em Angola era presumível que todas as questões administrativas atinentes ao processo eleitoral estivessem conjuntamente resolvidas.

 

Infelizmente, a realidade prática está além do expectável. Os desentendimentos prevalecem na agenda das tarefas ordinárias, com os partidos políticos da oposição, reiteradamente, a acusarem a CNE de violar a lei, em favorecimento ao partido da situação. Em fundamento estão arguidas ilegalidades no procedimento contratual das empresas portuguesa e espanhola (SINFIC e INDRA), para a elaboração dos cadernos eleitorais e o credenciamento dos agentes eleitorais, bem como o fornecimento de material de votação e da solução tecnológica, cuja participação nas eleições de 2012, consideram de má memória.

 

Sendo um processo preparatório que envolve vários concorrentes, por que não se encontrar consensos que venham a dar transparência, credibilidade, confiança e integralidade às partes empenhadas. Até por uma questão de respeito aos eleitores, o que é que custa ultrapassar os pontos de diferendo?

 

O que a mim parece um tanto quanto estranho em toda esta abordagem é o silêncio do partido da situação. Em face de tantos “roncos” da oposição os nossos CAMARADAS, parecem “dormir sono”(kuzeka kilu, da tradução literal em kimbundu) ao sabor de ar condicionado, em sinal de que todos os passos, até aqui seguidos pela CNE são, tão-somente a si, recomendáveis.

 

Fazendo recurso a história contemporânea de Angola, com base em outros processos de negociações, fracassados, que deram origem em longos anos de conflito armado, os nossos políticos, ao que parece não aprenderam, em nada, com os erros cometidos no passado. Continuam a colocar o ego partidário acima dos interesses do Estado. – Afinal o que é que custa buscar consensos?

 

Nós cidadãos que somos o principal alvo deste processo e que temos a incumbência de decidir a escolha de quem há-de assumir a esfera do poder do Estado, nos próximos cinco anos, sentimo-nos agastados ante as tramóias das personalidades da nossa praça política. Em defesa da cidadania, devia haver mais engajamento dos políticos, em tornar o processo fiável, aceitável por todos, que venha a dar garantias de participação dos eleitores sem quaisquer argumentos de suspeição. Os políticos


não devem se ater, apenas, no ego dos seus partidos. Devem, sim, olhar o Estado no seu todo, para que possam responder aos valores, consagrados, da cidadania, dentro dos preceitos da Constituição. Mas para tal, precisam compreender que a “eunização” é um cirro que ao longo dos anos da nossa independência tem sido um revés enorme à estabilidade e integração nacional.

 

Portanto, a construção de uma nação verdadeira, passa por elevar os objectivos supremos do Estado sem qualquer espécie de estigma, tendo sempre em conta a essência humana, em prol da defesa dos interesses que venham a gerar nos cidadãos uma consciência nacional íntegra, harmoniosa, interactiva, à escala do Estado.

Afinal isso também custa?