Luanda - O factor ‘’crise’’ esta a definhar diversos sectores da economia nacional, tornando cada vez mais difícil a vida dos angolanos, que estão mais pobres desde o segundo semestre de 2014, com a taxa de inflação anual a rondar 36,3% na província capital, a mesma que tem sido utilizada como referência para o País, segundo os especialistas, deve terminar o ano 50% acima da meta do Governo.

Fonte: Club-k.net

O exercício económico de 2016 foi constrangedor para muitas empresas, investidores e gestores. Passado cinco meses de 2017, pouco ou nada foi feito, o acesso às divisas para financiar o sector produtivo, concomitantemente, a falta de stock (matéria prima) continuam a serem duas das maiores limitações à actividade empresarial. Em função deste fenómeno, é cada vez mais notório ouvir-se falar que o negócio das empresas está em queda, quer na vertente de importação, bem como, na de vendas, forçando-as (empresas) desencadearem processos de despedimento em massa e, outras a encerrarem a sua actividade.

 

Entrando propriamente no tema que me levou a escrever esta crónica, e que actualmente tem sido matéria de análise e muito ‘’brain storming’’ no meio académico, empresarial e da sociedade em geral.

 

Os ciclos económicos não são exclusividade da economia actual, o famoso génio, físico teórico, criador e penso-logo do século XX, o Alemão, ‘’Albert Einstein’’, já naquele tempo, princípio do Sec.XX debatia-se com o dilema (crise, problema ou solução?) e sua reflexão sobre o assunto, deu origem a célebre máxima:

‘’ Não pretendemos que as coisas mudem se sempre fazemos o mesmo.
A crise é a melhor bênção que pode ocorrer com as pessoas e países, porque a crise traz progressos. A criatividade nasce na angústia, como o dia nasce da noite escura.
É na crise que nascem as invenções, os descobrimentos e as grandes estratégias
Quem supera a crise, supera a si mesmo sem ficar superado.
Quem atribui a crise seus fracassos e penurias, violenta seu próprio talento e respeita mais os problemas do que soluções.
A verdadeira crise é a crise da incompetência... Sem crise não há desafios; sem desafios, a vida é uma rotina, uma lenta agonia.
Sem crise não há mérito. É na crise que se aflora o melhor de cada um’’...

 

As crises são eventos cíclicos, provocados por factores endógenos ou exógenos em função de desajustes do sector económico ou financeiro de uma nação em particular, ou da economia mundial. Ao longo da história mundial já ocorreram algumas, desde a crise industrial (A grande depressão 1929), a crise das economias socialistas nos 80’ que levou a extinção da URSS e, a mais recente, a crise financeira 2008-2009, que atingiu a economia mundial de todo planeta, sendo considerada actualmente a mais forte desde a crise de 1929.

 

Na verdade, as consequências sociais da crise ACTUAL, são sentidas além das fronteiras da sua própria origem, e afectam os fundamentos da economia. Desemprego, custo de vida crescente, a exclusão dos mais pobres, a vulnerabilidade das classes médias, enfim, somos o País dos milhões de problemas. A realidade actual é dura, infelizmente é inevitável e acertou em cheio a economia angolana, produzindo estragos incontáveis e alguns casos incontornáveis (recapitalização do BPC e BCI, falência do BESA).

 

Até aqui, vimos o Executivo a desdobrar-se em mil e uma acções pela tão afamada diversificação da economia, parece-me que passado dois anos e meio desde o início da crise, ainda navega-se a deriva, em águas turvas, em plena desorientação governativa. Hoje não queremos ouvir desculpas que já não fazem sentido, que a culpa é da ‘’colonização, da guerra, da queda do preço do barril do petróleo e/ou da conjuntura internacional ’’.

 

O Executivo, teima em continuar a ter prioridades afastadas dessa diversificação, que se consubstanciam em investimentos de duvidosa necessidade imediata, tais como, o Pro-jovem, que é mais uma acção eleitoralista, a exemplo de outros programas similares que surgiram em anos passados exactamente no período pré- eleitoral (BUÉ) que faliram, obrigando mais uma vez o contribuinte a pagar a factura, outro exemplo é os Polos de Desenvolvimento que nem sequer têm infra-estruturas básicas, ainda assim, gasta-se imensos recursos em consultorias externas dispensáveis, continuamos a criar uma série de serviços sem nexo e, sem impacto na vida do cidadão comum.

 

Existem sim, valiosos programas, análises e contribuições sobre o actual estado da economia nacional (infelizmente engavetados) que podem de alguma maneira contribuir como soluções de alguns problemas cadentes. Mas, também existem análises e programas já em plena execução, que não levam à solução dos problemas que as suscitam, são irrealistas na essência.

 

Já não nos fazem falta ideologias importadas, nem posicionamentos teóricos. Em suma, as acções do Executivo até agora têm andado em contra-mão ao seu discurso, os velhos hábitos que nos levaram onde estamos, teimam em persistir em meio à crise.

 

Às vezes eu tenho a impressão que o Executivo, continua (não) agir na esperança de que o preço do barril do petróleo volte aos tempos áureos, em contra-mão da tendência de queda, pressionada pelo facto dos dados recentes do Sector, mostrar que o nível de stock (existências) permaneça historicamente elevado, o que impossibilita a subida do preço do crude, agravado com a franca expansão do petróleo de Xisto nos EUA, que poderá fazer com que os níveis de existências permaneçam acima da meta da OPEP até ao final de 2017.

 

Nelson Mandela, dizia: ‘’devemos promover a coragem onde há medo, promover o acordo onde existe conflito, e inspirar esperança onde há desespero’’.

 

Contextualizando, apesar das dificuldades e o clima de incerteza generalizado em face da situação actual, devemos ir corrigindo os erros do passado com acções concretas, com forte impacto nos indicadores da boa governação e do compliance.

 

As crises sempre foram campos férteis para boas oportunidades de negócios, portanto, se auguramos criar desenvolvimento e crescimento sustentável, temos de atrair investimento privado, que resultará em mais divisas para o país e emprego. O caminho agora é provar aos parceiros financeiros, que a nossa economia gradualmente está a deixar de depender do petróleo. Por outras palavras, temos de mostrar a estes parceiros da alta finança internacional, e no fundo é isto que o FMI recomenda, que a nossa economia começa a dar passos concretos em termos da diversificação real.

 

Teremos que ser nós a desenhar o caminho, terá que ser da consciência nacional colectiva (apartidária) que deverão vir as soluções.

 

Estamos fartos de Chefes, que em função da agenda pessoal mandaram lixar o povo.

 

Para o futuro que se avizinha, apenas queremos LĺDERES comprometidos com a causa da Nação, LÍDERES com capacidade de pensar fora da caixa. Precisamos da melhor versão dos verdadeiros patriotas, dos mais velhos coerentes, dos intelectuais incorruptíveis e incompraveis, daqueles que acreditam que o futuro de Angola não pertence somente a um grupo exclusivo, dos que acreditam que a militância não está acima da ética.

 

A questão agora é saber qual será a nossa postura, como a (crise) vamos a encarar daqui para frente, Que caminhos iremos percorrer, será do problema ou da solução?