Luanda - Presidente do Conselho de Administração da Sonangol foi se divertir a Cannes deixando de tomar decisões importantes para as operações da companhia.

*Alexandre Reis
Fonte: Correio Angolense

Afinal, quando apareceu lampeira para se deleitar no universo de deslumbre do Festival de Cannes, Isabel dos Santos deixou problemas de monta por resolver na Sonangol, como o empossamento das comissões executivas das subsidiárias para refinação e telecomunicações, Sonaref e MS Telcom.


A tomada de posse é que formaliza as nomeações dos órgãos sociais e, no caso da Sonaref e da MS Telcom – conduzidos a 28 de Abril e 8 de Maio – torna-se necessária para dar amparo jurídico aos actos de gestão das novas comissões executivas.


Depois de substituir a Comissão Executiva da Sonaref, em 28 de Abril, a 8 de Maio Isabel dos Santos fez o mesmo na MS Telcom, para a qual nomeou o técnico Roger Ferreira como presidente e dois vogais escolhidos no seu vasto universo de clientelismo.


Um dos vogais é Edivaldo Manuel, um técnico da holding casado com uma prima de Isabel filha de Marta dos Santos, e o outro é Patrício Gouveia, filho do antigo presidente do Conselho de Administração da Sonangol Distribuidora agora ligado à companhia privada Pumangol Paulo Gouveia.


Patrício Gouveia, formado em Marketing, servia a Pumangol quando, no ano passado, foi chamado pela Sonangol para optar entre retomar o seu posto na subsidiária de distribuição ou deixar a companhia estatal.


Permaneceu, estimulado pelos contactos do pai entre os decisores dos negócios petrolíferos que, no caso da Pumangol, envolvem a Trafigura, empresa detida por interesses ligados à Presidência da República.


Nos dois casos, a viagem lúdica da presidente do Conselho de Administração representa o caso típico de deixar o aparelho e levar o comando: apesar de sentados em gabinetes pomposamente mobilados, os gestores ficaram impedidos de subscrever actos e até mesmo de fazer aquisições no mercado de produtos como papel higiénico.


Outro problema por resolver é o da recusa recente do administrador não executivo indiano Sarju Rainkundalia em contratar assessores e outros colaboradores angolanos para estarem ao seu serviço.


Esse administrador passa mais tempo no estrangeiro e em aviões do que em Angola, pelo que se tem desencontrado com a presidente do Conselho de Administração para obter autorização para contratar assessoria que afirma não haver no país.


A questão que não ficará mesmo pacificada, com ou sem a presença de Isabel dos Santos, é a das entrevistas de emprego que a Sonangol anda a fazer a pessoal da norte-americana Chevron, criando um insanável clima de nervosismo na companhia estatal amgolana.