Luanda  - As eleições que decorreram em Angola em 1992, já foram demasiadamente discutidas pelo que, talvez não interesse para a análise que se pretende aqui fazer hoje até porque estiveram envoltas em factores endógenos e exógenos que perderam influência, alguns já não existem, contudo, dos protagonistas de hoje, alguns ainda fazem parte do processo, por isso, fizemos uma breve visita àquele longínquo e fatídico ano - importa apenas dizer que elas não foram conclusivas e a nível de irregularidades, não orgulham em nada os seus maiores protagonistas. Diria mesmo que Angola merece melhores políticos pela nobreza do povo humilde que tem. 

Fonte: Club-k.net

Os antecedentes das eleições de 2008 têm como antecâmara o memorandum do Luena e, deviam ter acontecido dois anos depois da data da assinatura, os sucessivos adiamentos a falta de vontade do MPLA que tinha sérias dúvidas em ganhá-las sem fraude, agravado pela necessidade da recuperação da economia das dificuldades da reconstrução nacional. 

 

Para essas eleições, o MPLA encontrava-se desorientado, não sabia se iria concluir a 2ª volta das eleições presidenciais de 1992 ou se levaria a cabo as legislativas - a imagem do seu presidente estava desgastada, já não havia em jogo o fantasma do Dr Savimbi. Optou-se então por realizar apenas as legislativas e, como o Mpla tinha dúvidas sobre o seu eleitorado, solicitou uma sondagem externa, essa sondagem, feita por uma empresa brasileira, indicou um péssimo prognóstico para o Partido no Poder e para o seu presidente mais ou menos nos seguintes termos, cerca de 50% para o Mpla e menos de 30% para o seu presidente. Este prognóstico deu origem a uma nova estratégia que foi a de realizar apenas as eleições legislativas e, forjar um parlamento com maioria absoluta e perspectivar uma revisão constitucional.

 

Assim foi, nestas eleições de 2008 à UNITA, foram atribuídos 16 deputados e as consequências foram desastrosas tais como a redução dos dinheiros do OGE vindos por via da cota  que tem como base o nr de Deputados eleitos - como a Unita mantinha os seus quadros dependentes, vindos do conflito armado, com o processo de reconciliação nacional propositadamente muito trôpego, o MPLA aproveita iniciar uma fase de aliciamentos pre-eleitorais e temos o exemplo do General João Baptista Chindandi, Sr Boris Mundombe, para citar apenas esses.

 

 

Durante o mandato de 2008 - 2012 o Mpla aproveita a situação internacional favorável para recuperar a economia, aplicar uma série de ideias da agenda de consenso e, internamente propõe a revisão da Constituição no intuito de proteger o seu presidente que tinha como intenção de voto menos de 30%, este episódio é por todos conhecido, o debate na assembleia realizou-se até a altura em que surgem duas propostas de constituição, a A e a B, resultados de grandes consensos. No entanto, fora do conhecimento da Comissão surge uma constituição C que tem como premissa mais forte a eleição do presidente na lista geral dos deputados, à boleia do Partido e assim se vai para as eleições de 2012, o MPLA mais uma vez refém de JES, com todo o enredo que já se conhece de profundas irregularidades desde a categoria dos observadores aos procedimentos.

 

 

Nos resultados das eleições de 2012, por conveniência, foram atribuídos à UNITA 32 lugares para ludibriar os menos atentos e aliviar a pressão do descontentamento visível nas ruas, no dia a dia. Paralelamente a isso, conclui-se o golpe final a FNLA criando falsas irregularidades nos congressos daquele Partido em perfeita conexão com os tribunais. O PRS também foi prejudicado e surge uma força politica emergente a CASA-CE a quem são atribuídos 8 (oito) lugares, no entanto, o peso global da oposição não muda na assembleia - aproveito chamar a atenção de todos - os menos atentos não percebem, até, alguns partidos da oposição "beneficiados", nessa ocasião, se envaideceram a pensar que a mobilização de rua deu algum resultado... pura ilusão...

 

 

Na perspectiva da analise dos dois últimos processos eleitorais, do estado actual das coisas, dos objectivos a atingir no próximo mandato, no tipo e grau de fraude praticado até aqui, só nessa perspectiva é que se pode avaliar as intenções do Mpla para as eleições de 2017. Sabe-se que o mandato 2012-2017 foi atribulado por varias razões, a crise financeira  causada pela corrupção, a falta de previsão, investimentos mal direccionados e pela baixa do preço do barril de petróleo, pelas epidemias e da falta de cuidado com o meio ambiente. Esses problemas afectaram essencialmente duas classes distintas; a classe baixa que ressente  sempre as mudanças pela fraca margem de manobra nos seus  rendimentos bem como a classe média emergente que começou a endividar-se na obtenção da primeira habitação. Surge no fim desse mandato o dilema da sucessão na direcção do Mpla. Assistiu-se a um favorecimento e enriquecimento fácil de um pequeno grupo em detrimento de toda a população produzindo um forte empobrecimento e aumento vertiginoso da delinquência nos últimos anos. Esses factores de uma certa forma fragilizam o Mpla ao aproximarem-se das eleições. Foram goradas todas as expectativas criadas com o advento da paz. Apesar disso, JES quer deixar o seu partido folgado para operar a transição e as mudanças de forma tranquila. 

Nesse cenário, prevê-se que o MPLA prepare uma forma de sair mais uma vez vitorioso nunca pelos bons motivos, ou seja, procurará uma nova forma de fraude. Os partido políticos da oposição julgavam ter o processo controlado se analisarmos a forma como se comportam no que se refere ao processo de registo eleitoral, incentivando mesmo a população e procurando consensos nas leis que regulam tais processos mas, pela composição calculista da assembleia saída das eleições de 2012, não se conseguiu nada. O regista eleitoral já decorre não nos termos da lei e vai a cerca de 60% da sua efectivação e com ele, todo o processo fraudulento em marcha ao nível informático e da manutenção dos fantasmas no sistema. 

 

 

Feita essa retrospectiva critica sobre a história das eleições em Angola, é possível ter uma antevisão das verdadeiras intenções do Partido no poder para as eleições de 2017 e, a oposição deverá desde já traçar estratégias de combate a fraude se pretende realizar mudanças. Tendo em conta a experiencia acumulada pelo partido no poder no que se refere a organização da fraude e do controlo por via da segurança de estado  sobre esses processos, consideramos que a oposição já vai com algum atraso e que, mudanças profundas nos métodos de apresentar a campanha, no controlo e apuramento dos resultados deverão ser introduzidos rapidamente e de forma inteligente. A oposição não deve utilizar os mesmos modelos de mobilização que usa o partido no poder porque esses têm meios financeiros a sua disposição, a oposição deve ser muito mais criativa e usar a verdade como principal arma, estar próxima e solidária com o cidadão eleitor que sofre as consequências da má governação ao nível dos serviços básicos de saúde, saneamento, emprego, ensino, bens de 1ª necessidade mobilizando fortemente a classe média emergente cujas expectativas foram goradas. 

 

 

Um dos temas fortes que deverá ser usado pela oposição nesse momento é sobre a falta de liberdades individuais, não de uma forma geral mas com factos concretos e palpáveis, isso é, as escutas telefónicas arbitrárias e generalizadas a toda a gente, o espírito de suspeição permanente, até porque, os agentes dos serviços de segurança estão cansados de incomodar e vigiar os próprios familiares a troco do enriquecimento de uma só família - a oposição deve afirmar alto e bom som que as perseguições por razões politicas ou outras terminaram, é coisa do passado, regimes como o de Cuba estão em vias de extinção o povo angolano tem de ser um povo livre pela luta que fez contra o colonialismo, não merece menos que a Liberdade e independência total e verdadeira democracia. A oposição deve explorar a falta de experiencia dos novos políticos que vão entrar e cena com a transição já inevitável e utilizar o efeito surpresa. Não permitir que acções do Mpla votem a dividir e fragilizar oposição sabendo sempre que essas acções são concertadas a estratégia de dividir a FNLA é a mesma para dividir a UNITA o PRS e infelizmente, até agora têm conseguido. 

 

 

No inicio dessa pequena exposição, dizia que Angola é um grande país e tem um grande povo seria recomendável que os políticos desse país atingissem também o patamar de grandes políticos qual Nelson Mandela, Martin Luther King, Mahatma Ghandy, Leopold Sedar Senhgor e outros. Para isso, a preocupação maior devia ser trabalhar para o bem estar de todos com fé e abnegação porque até temos exemplos na história de nossos Reis heróicos como Nzinga Mbandi, Mandume, Mwaciavua, e outros, ou mesmo Holden Roberto, Agostinho Neto e Jonas Savimbi de quem não conhecemos nenhuma fortuna.

 

 

Tal como se produziram nobres filhos no passado, as gerações de hoje devem dar filhos nobres senão estaremos a deixar para as gerações vindouras um futuro envenenado

 

Viva Angola

Viva o Povo Angolano

Viva a Liberdade

Viva a Democracia.

 

Euardo Ekundy Daniel