Luanda - A queixa contra a comunicação social pública angolana, apresentada por um grupo de cidadãos que falam em ‘’favorecimento ao candidato do MPLA, segue para o Tribunal Supremo numa altura em que também já se questiona a prestação do sector privado.

*João Marcos
Fonte: VOA

Já se sabia que as críticas da opinião pública tinham como alvo os órgãos estatais, daí a iniciativa deste grupo que vê encalhada a queixa no Tribunal de Luanda.


O deputado Raúl Danda, vice-presidente da UNITA, altera o ângulo de abordagem.


“Em violação da Constituição e demais leis, privatizou-se a Rádio Nacional, Televisão Pública e o Jornal de Angola e vai-se fazendo isso também com órgãos que parecem privados, mas que estão ao serviço do MPLA. Ora, nós precisamos de eleições transparentes, tal como, aliás, tinha dito o Presidente da República. Não podemos partir para processos enviusados só porque alguém apresentou programas e outros não’’, salienta.


Perante o silêncio do partido no poder, extensivo ao Ministério da Comunicação Social, onde a VOA procurou arrancar um pronunciamento, fomos ao encontro da opinião de quem está no terreno, o jornalista José dos Santos, editor do Correio Angolense.


“É ver a forma como se trata a cobertura da figura do candidato do MPLA, facilmente se faz a leitura. Nota-se à mão de semear e à vista desarmada que há favorecimento, propositado ou não, do candidato João Lourenço. Se olharmos que o processo de entrega de alvarás dá primazia a figuras do partido no poder, também dizemos o mesmo em relação à imprensa privada’’, afirma o jornalista.


A propósito do assunto, o jurista Vicente Neto, que diz estar a acompanhar todas as incidências, adverte que os profissionais devem estar comprometidos com a imparcialidade.


“O trabalho dos profissionais suscita muitos comentários em época de eleições. Há quem se sinta beneficiado e outros prejudicados, penso que deve haver um esforço no sentido de evitar discrepâncias no tratamento dos actores’’, sugere o jurista.