Luanda  - Os teóricos geógrafos dizem que cada país tem os cemitérios que merece, enquanto os teóricos jurídicos aludem a que cada país tem os bandidos que merece, já os politólogos, os que mais atenção me despertam, exaltam que cada um tem o governo que merece.
 
Fonte: Club-k.net
 
Em 2015, momentos antes das eleições legislativas, Pedro Passos Coelho, o então Primeiro-ministro português, publicou a sua biografia intitulada “Somos o que escolhemos ser”. Título sugestivo para um Primeiro-ministro que pactuou com o diabo – Troica –. Na verdade, Passos Coelho justificava que as políticas de austeridade eram fruto dos desejos dos portugueses. Porque os seus antecessores escolheram políticas erradas que levaram o país ao descalabro financeiro. Até aí, o ex-Primeiro-ministro esteve certo. Mas, é um exagero dizer que foi a escolha dos portugueses, «pobres coitados» não sabiam o que advinha daí, se soubessem não votavam nos seus antecessores muito menos na política do “não há alternativa”, que ditou o “ataque ao castelo” organizado pelos socialistas em 2015. Enfim, deixa-te estar, isso é problema de família. Não te metas nestes tipos de confusões. Quando eles se resolverem, ficarás na dibinza como se diz na banda.
 
 
Sabemos que ninguém escolhe a família que tem, muito menos nascer no país que calhou. Neste ditame, todos acreditam que somos frutos do destino, incluindo os mais céticos como eu. Amo a família e a pátria que me viu parir, isto não implica dizer que eu não as possa contestar, sobretudo, a última delas. Porque, cabe à pátria criar direitos e garantias fundamentais dos seus concidadãos.
 
 
Cabe, principalmente, ao governo gerir o erário público, é aqui que os politólogos acreditam que cada povo tem o governo que merece. Pois, é «o povo quem mais ordena», como diz a canção popular portuguesa «Grândola Vila Morena».
 
 
Tinha a noção de que o tempo custasse caro, mas não tão caro como imaginara – justificase comprar e/ou ter um relógio de 500 mil euros–. A propósito de tempo e dinheiro, muito foi feito na última década e meia, mas foi muito mal feito. Por isso, no seu programa de governo para o período 2017-2020 – e como slogan – o próprio MPLA admite “melhorar o que está bem e corrigir o que está mal”. É como se fosse uma espécie de yin e yang que “passa no barulho”.
 
 
Por outra, a cerca de dois meses das legislativas, à boleia vão as presidenciais, nenhum outro partido publicou o seu programa de governo. Ora chiça, em que diabo fui calhar?! É a vida como diz o grande Robertino: quem vive tem que morrer, quem vive tem que sofrer, tem que saber com quem lidar. Contudo, enquanto isso lidámos com o que temos.
 
 
Nota biográfica
 
Estanislau Franco, é doutorando em Ciência Política e mestre no mesmo ramo disciplinar pelo ISCTE-IUL. Tem uma PósGraduação em Análise de Dados em Ciências Sociais, também pelo ISCTE-IUL. Interessa-se pelos estudos de género e política, participação política, atitudes políticas e integração regional em África.
 
Pappers/comunicação apresentados em conferências
 
 
2017 (abril). “O Impacto da crise Económica nas Desigualdades de Género nas atitudes e participação política na Europa do sul: Uma análise Longitudinal (19852014)”, IV Colóquio Doutoral, ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa, Lisboa.
 
2016 (novembro). “O Impacto da crise Económica nas Desigualdades de Género na Participação Política na Europa do sul: Uma análise Longitudinal (19852014)”, comunicação apresentada na conferência internacional “Mulheres, Cidadania e Direito de Voto”, Lisboa.
 
 
2012 (julho). “Guerra como fator de desestabilização em Parábola do Cágado Velho, de Pepetela”, comunicação apresentada no seminário “Arqueologias da Violência: Guerra, Memória e Trauma nas Literaturas de Língua Portuguesa”, Lisboa.