Luanda - O secretário do Sindicato de Professores do Ensino Superior de Angola para a região académica Luanda/Bengo, Carlinhos Zassala, defendeu hoje a criação de um fundo de apoio à investigação científica no país, considerando "irreal" a nova tabela de vencimentos.

Fonte: Lusa

Em declarações à agência Lusa, o docente da Universidade Agostinho Neto, pública e a maior de Angola, disse que "não existe incentivos" à investigação científica no país e defendeu por isso uma dotação do Orçamento Geral do Estado (OGE) para a implementação de um fundo para a investigação.

 

"Tem que se valorizar a carreira do investigador no país. Para valorizarmos essa carreira temos que, em primeiro lugar, criar um fundo de apoio à investigação científica, o que praticamente não existe em Angola, tal como noutros países do mundo", disse.

 

Carlinhos Zassala admitiu que existem em Angola "algumas investigações que não são de grande vulto", mas lamentou as dificuldades vividas pelos investigadores na obtenção de recursos para dar corpo à pesquisa.

 

"Hoje em dia, para se fazer uma investigação científica, ou a pessoa tem de procurar patrocínios ou depender de donativos de empresas petrolíferas. E, muitas vezes, o critério de gestão é o critério dos gestores das instituições do ensino superior", sustentou.

 

Um investigador coordenador, o topo da carreira de investigação científica em Angola, vai passar a ganhar 405.265 kwanzas (2.180 euros), equivalente a 25 vezes o valor do novo salário mínimo nacional, fixado pelo Governo, segundo o decreto presidencial 92/17, de 07 de junho, ao qual a Lusa teve acesso.

 

Comentando os números plasmados naquele decreto, o docente referiu que a nova tabela de vencimento para a investigação científica "não pode ser considera como realista".

 

"Tendo em conta a perda do poder aquisitivo dos salários em Angola, sobretudo nos três últimos anos, com uma inflação muito superior. O reajuste poderia ter em conta pelo menos a inflação acumulada, para poder repor o poder aquisitivo tanto do investigador como do professor universitário", explicou Carlinhos Zassala.

 

O decreto assinado pelo Presidente angolano aprovou o reajustamento no vencimento-base do pessoal de investigação científica em Angola, que prevê ainda o vencimento base de 357.587,34 kwanzas (1.925 euros) para o cargo de investigador principal e de 333.748,18 kwanzas (1.800 euros) para o de investigador auxiliar.

 

Os assistentes de investigação passam a ter um vencimento base de 301.962 kwanzas (1.625 euros) e os estagiários de investigação de 190.713 kwanzas (1.025 euros), de acordo com o mesmo decreto.

 

O Governo angolano tem em curso um processo de atualização de salários na função pública e das prestações sociais obrigatórias, que, em média, aumentam cerca de 10% face aos valores fixados em 2014.