Luanda - A projecção, no sentido psicológico, é um conjunto de actos pelos quais o individuo atribui aos outros os seus próprios sentimentos ou manifesta nas suas obras literárias a sua natureza própria. Noutras palavras, a projecção pessoal na vida de um individuo consiste na difusão de ideias ou de conhecimentos na sociedade ou na comunidade, com fim específico, previamente estabelecido. O fim, em referência, é oculto, mantido na consciência do individuo, que difunde o seu pensamento ao público-alvo.

Fonte: Club-k.net

A projecção pessoal nem sempre visa ganhos materiais, em termos de elevação do estatuto social ou da promoção profissional ou politica. Um Escritor ou um Cientista, por exemplo, não pesquisa ou escreve com propósito de ganhar dinheiro. Qualquer descoberta científica ou tecnológica sempre traz consigo benefícios para toda a humanidade. A difusão de ideias não só desperta a consciência da sociedade, mas sobretudo, é a fonte do Saber e é o Motor da inovação, do avanço e do desenvolvimento.

 

O desenvolvimento humano, do estado primitivo à civilização, deveu-se ao pensamento crítico do homem no seu contacto com a natureza e com o meio social. A medida que ia conhecendo as leis internas da natureza, levava-lhe à descobrir as formas de transformá- las em algo concreto e benéfico para sua existência e bem-estar social. O cérebro, neste respeito, é a sede das funções psíquicas e nervosas, e da actividade intelectual, que permite ao ser humano perceber bem o mundo que lhe rodeia, e catapultar-lhe ao Universo. Nesta lógica, não somente a curiosidade que nos lança ao mundo exterior, mas sim, é o intelecto, o encadeamento lógico de pensamento – o raciocínio.

 

Esta reflexão vem a propósito das preocupações crescentes dos Internautas que têm estado em contacto assíduo com os meus Artigos neste Portal. Em síntese são as seguintes opiniões: a) Escrevo como sendo uma forma de projectar-se pessoalmente, por facto de não ter influência nenhuma na CASA-CE. b) A CASA-CE não valoriza o meu potencial, que é bastante notável, avaliando pela qualidade dos Artigos que publico nas redes sociais. c) Que esteja a perder o meu tempo a fazer a política; por isso, devia apenas dedicar-me ao trabalho científico. d) Que me aconselha de que, devo continuar a fazer a política activa e ao mesmo tempo escrever. e) Finalmente que se interroga assim: Porque tenho-me mantido silencioso, sem sair ao público, fazer valer o meu pensamento?

 

No meio destas opiniões diversas, tenho estado igualmente sob pressão de muita gente que me encoraja a continuar a escrever e a difundir as minhas ideias, que têm sido válidas. Essas pressões vêm de todos quadrantes, de todas matrizes políticos-ideológicas da sociedade angolana. Até tenho tido apreciações positivas que vêm do Exterior do País – da África, da Europa e das Américas. Quanto a mim, as opiniões feitas por Cibernautas, acima descritas, têm razão de ser. Na democracia as pessoas têm direito de exprimir livremente as suas opiniões. O que me agrada bastante. Só digo que, escrever,


analisar e fazer juízo, fazem parte da minha maneira de ser, desde da Luta Anticolonial. Com efeito, dou muito valor à «Comunicação Escrita», dando o facto de que, ela permanece na eternidade para o julgamento objectivo das gerações vindouras. Além disso, é a fonte mais segura da pesquisa dos historiadores e dos académicos do futuro. Por este motivo gosto de pensar, de analisar, de ponderar e de difundir o meu pensamento, fazendo o confronto de ideias. Nesta lógica, nunca abracei a ideia de projectar-se pessoalmente com fim de ganhar um lugar de destaque na Organização. Se agir nesta conformidade é óbvio a perca de objectividade, por entregar-se à adulação e ao suborno.

 

Por esta razão, acima exposta, apostei-me sempre na qualidade, no mérito e na meritocracia. Agora, se tenho ou não tenho influência na CASA-CE, isso é relativo. Pois, se não tivesse influencia nenhuma na CASA-CE não estaria nas grandes Conferências Internacionais a representar o Presidente da Coligação. A título de exemplo, ainda este ano, já estive em Windhoek, em Berlin e em Londres. Nestes eventos, a minha contribuição tem sido considerável.

 

No dia 01 de Junho de 2017, por exemplo, através do «Vídeo-Conference», a partir de Luanda, participei no «Angola Fórum 2017», que teve lugar em Londres, promovido pelas prestigiosas Fundações, Chatham House e a Konrad-Adenauer Stiftung. Os temas deste Fórum foram os seguintes: A Diversificação Económica, o Desenvolvimento Sustentável e a Consolidação da Democracia. Por lado da UNITA esteve presente o Deputado Raul Manuel Danda, a representar o Presidente Isaias Samakuva. Por lado do MPLA estariam presentes, Ministro Bornito de Sousa e o Secretario Geral do Partido, Paulo Cassoma, a representar General João Lourenço. Estas duas personalidades, do MPLA, não compareceram.

 

Logo, se a CASA-CE não tivesse dado valor ao Deputado Carlos Tiago Kandanda, como diplomata, politico, militar e nacionalista, seria descabido ser representada por ele. Tendo em consideração o nível das personalidades que foram convidadas, vindos de várias partes do Mundo, que convergiram-se em Berlin e em Londres. Na verdade, eu não sou um político de meia tigela. Pois, dei aulas políticas e ideológicas à maior parte dos Quadros Dirigentes da UNITA; este facto é do conhecimento geral, e é inquestionável.

 

Com certeza, sem dúvida, tem sido a minha grande preocupação cuidar da minha dignidade, da minha postura, da minha reputação e da minha integridade – não se deixar cair na malha do suborno e da corrupção. Não aceitando a venda da minha consciência em troca de dinheiro ou de bens materiais. Muito menos seguir cegamente. Pelo contrário, eu ilumino o meu caminho com os meus próprios olhos. Não faço a política por fazer. Sim, faço-a com convicções profundas, com ideais bem explícitas e com metas estratégicas bem definidas. Quando algo estiver contrário aos meus ideais, eu afasto-me, e coloco-me no meu lugar.

 

Veja só a desgraça que abateu-se sobre o MPLA. A «Veneração» que era a Cultura Politica do Regime, hoje tornou-se um «Grande Pesadelo» do Partido dos Camaradas.


Mesmo aqueles que eram mais próximos do seu Chefe, do Presidente José Eduardo dos Santos, hoje não têm coragem de identificar-se com ele. Foge-o, muito antes de ele deixar a Cidade Alta. Então, onde estará a dignidade daqueles que bajulavam irreflectidamente? Por isso, eu insisto em afirmar que, um homem sensato e digno deve assumir integralmente o seu passado histórico. Pois, o passado é o nosso rosto, que reflecte o presente e ilumina o nosso futuro.

 

Por isso, não me coíbo, de afirmar, com cabeça erguida, de que, Dr. Jonas Malheiro Savimbi não só foi um Grande Patriota que entregou-se integralmente à Causa de Angola. Mas sim, foi um Grande Líder, um Homem da História, incorruptível, com uma Visão bem ampla, cujo Pensamento Patriótico ainda é válido até hoje, e continuará a sê- lo no futuro. Alias, se quiser perceber bem o Escopo e a Dimensão da Visão Estratégica do Dr. Jonas Malheiro Savimbi, leia só o «Guia Prático do Quadro» e a «Cartilha do Guerrilheiro», ambos da sua Autoria. A «Luta pelos Pobres» tinha sido assumida integramente como «Objectivo Estratégico» do seu «Combate Libertador». Infelizmente, ele foi vítima da intriga interna do Partido e da Conspiração Internacional.

 

Em síntese, o meu empenho politico mante-se intacto, dinâmico, activo e actuante. Só que, o campo de actuação é vasto e amplo, em que implica à cada Player (jogador), dentro da Arena, colocar-se bem onde o seu desempenho tenha maior impacto e seja produtivo. Logo, a difusão de ideias constitui um dos instrumentos mais eficazes de fazer a política, sobretudo no mundo contemporâneo da civilização, da globalização e de confrontos de ideias. Nas democracias modernas – multipartidárias – a educação politica e a consciencialização da Sociedade são tarefas primordiais e inadiáveis dos Partidos Políticos, sobretudo das Elites das Nações.

 

Enfim, enquanto a «Classe Média» e a «Juventude» não estiverem bem esclarecidas é difícil ocorrer transformações profundas numa Sociedade oprimida, pobre e menos avançada – como Angola.

LUANDA, 16 de Junho de 2017