Luanda - Angola viveu conflitos de vária índole ao longo do processo de afirmação enquanto país/território e povo. Nessa região que hoje se chama Angola. os povos bantus exerceram uma pressão sobre os busquimanos, koissans ou também chamados de vassekele.

Fonte: Club-k.net

Os vários povos bantus ao se fixarem, tiveram disputas territoriais ou de afirmação mas esses, foram conflitos internos de caris brando e, quando fossem dentro do mesmo grupo étnico e que correspondessem a disputas pelo trono a solução traduzia-se muitas vezes na separação de território; caso do (Huambo e Bié)


O conflito com os portugueses, começou desde a sua chegada, com algumas pausas mas, em todos os séculos de ocupação se fizeram sentir focos de resistência ao colonialismo tal como reza a história de Nzinga Mbandi, Mandume, Mwacyavwa, Mutuyakevela e outros; a resistência dos escravos por manifestações culturais, as revoltas nas fazendas como a Baixa de Kassanje, etc.


Outra fase do nacionalismo corresponde a uma tomada de consciência Africana que se concretizou nas pessoas de Eduardo Ekundi, Nekaka, e outros. A seguir foram os movimentos de libertação que de uma forma moderna se organizaram para a luta anti-colonial.


As diferenças ideológicas dos movimentos de libertação fizeram com que chegassem à independência de forma atomizada demonstrando incapacidade de construir consensos e definir o interesse nacional comum; assinaram os acordos de Alvor sem uma agenda para o day aftar.


Essa desorientação generalizada levou o país ao conflito armado que durou 16 anos culminando nos acordos de Bissesse a 30 de Abril de 1991. Nesse acordo, não se procurou alargar o debate às várias sensibilidades do país, actores que não tinham feito parte do conflito armado. Ficaram de fora figuras importantíssimas do sector social, económico, religioso, autoridades tradicionais, académicos e sociedade civil; a sociedade civil e o sector económico eram quase inexistentes pela tipologia de partido-estado prevalente nos dois lados do conflito. A não inclusão desses sectores e o antagonismo latente, a desconfiança entre o MPLA e a UNITA tornaram os acordos de Bissesse tão frágeis que falharam na primeira crise logo após as eleições de 1992. O Protocolo de Lussaka de 1996 está eivado das mesmas enfermidades com as partes e os mediadores a terem uma visão destorcida do problema, ignorando mais uma vez outras vozes.


Está-se sempre diante de uma excessiva bipolarização, partidarização e politização da vida publica do país.

 


A morte do Dr. Jonas Savimbi, a fragilização da UNITA e o memorandum de Luena ditam uma nova relação de forças e um novo cenário - O MPLA coloca-se na posição de vencedor e impõe as suas posições, termina a bipolarização mas persiste e agudiza-se a partidarização da sociedade. O protocolo de Lussaka e o memorandum do Luena só trataram de questões militares e politicas; redefiniram as forças armadas angolanas FAA e acomodaram na caixa social os efectivos excedentários. Ao nível politico refizeram o GURN e um calendário eleitoral; no campo da reconciliação nacional, ignorou completamento os outros sectores já antes citados.


Com a paz e a tímida normalização da sociedade, esses sectores que compõem a vida do país iniciam uma caminhada que será ainda longa. Surgem como bebés engatinhando ao lado dos políticos que se sentem agigantados pela forma como se foi construindo todo o processo "democrático", mesmo que intitulem os sectores religioso, económico, social, académico, e outros como parceiros do estado essa pareceria é muito desigual, por exemplo, os sindicatos não têm força, as ONG's, as ordens profissionais, são banalizadas, a imprensa que representaria o 4º Puder, anda a deriva, a imprensa pública anda a reboque do puder como um mendigo. Tudo isso faz com que o estado não beneficie das mais valias desses sectores para a grande concertação social imprescindível na construção de uma paz duradoura; os políticos não os donos da verdade e, no caso de Angola, a maior parte deles é responsável pela destruição da economia, pela calamidade dos sistema de saúde e do ensino a todos os níveis e vai-se para as eleições de 2017 envolvidos num obscurantismo generalizado.


Luanda, 29 de Maio de 2017
Eduardo Daniel Ekundy