Luanda - O que acontece com o processo eleitoral angolano depois de Mônica Moura e João Santana terem revelado perante a justiça brasileira que a Odebrecht pagou 20 milhões de dólares e o MPLA pagou outros 30 milhões?

Fonte: Club-k.net

Em Angola é proibido o financiamento externo de campanhas eleitorais. É proibido que empresas ou ONGs estrangeiras doem dinheiro para financiar campanhas de partidos políticos.

 

O governo subsidia o processo com uma verba para todos os partidos. Mas o que se constata na prática é algo muito diferente.

 

Enquanto a maioria dos partidos recebeu um milhão de dólares para financiar as atividades durante a campanha eleitoral, os marqueteiros brasileiros hoje investigados pela Justiça brasileira revelaram fatos muito preocupantes, que atestam a falta de credibilidade, justiça, lisura do processo eleitoral angolano.

 

Segundo eles, a primeira campanha eleitoral, a de 1992, fora organizada por profissionais brasileiros, tendo estado envolvido uma empresa denominada Propeg, com a intermediação da Odebrecht, que está em Angola desde 1984, e que se gaba de ter construído um projeto de poder para perpetuar o Presidente José Eduardo dos Santos no comando do país, e assim garantir que seus interesses fossem mantidos.

 

“A longa e constante presença de marqueteiros baianos (ORIGEM E REDUTO DA ODEBRECHT) em Angola teve início em 1992, com a Propeg. Naquele ano, a empresa baiana, sob a batuta do já falecido Geraldo Walter (na foto, de camisa branca) e Ricardo Noblat, fez a campanha vitoriosa do MPLA e do seu candidato a presidente, José Eduardo dos Santos, contra o líder da Unita, Jonas Savimbi.”

 

Enquanto os partidos angolanos se debatiam para conseguir dinheiro, os parceiros externos do MPLA e de José Eduardo dos Santos injetaram milhões de dólares. Mas a justiça angolana nada fez. A UNITA até tentou interpelar as ações criminosas do MPLA, mas os tribunais angolanos, onde os juízes são meros funcionários em defesa dos interesses do MPLA, como não poderia deixar de ser, julgaram improcedente e deram sempre ganho de causa ao partido no poder.

A HISTÓRIA DE FRAUDES CONTINUOU EM 2008.

João Santana e Mônica Moura, os profissionais que organizaram a campanha eleitoral do MPLA dão detalhes sórdidos que confirmam os fatos apresentados pela UNITA em tribunal, e que o tribunal angolano julgou improcedente. A UNITA deveria pedir hoje que os tribunais angolanos reconsiderem a sua posição diante de fatos novos, provas novas de irregularidades, e seja declarado o MPLA como perdedor das eleições e pague pelos seus crimes.

 

Aqueles profissionais disseram à justiça brasileira que o MPLA contratou para elaborar a duas primeiras campanhas eleitorais na área de marketing e publicidade, a empresa propeg, só em 2012 pagaram para todos os serviços quase o dobro daquilo que foi pago em 2012. Ou seja, mais de 100 milhões de dólares.

 

Este dinheiro foi pago da seguinte forma:

 

O MPLA pagou diretamente a eles o valor de 30 milhões de dólares cash, depositados semanalmente. E a Odebrecht pagou em nome do MPLA 20 milhões de dólares.

 

Para ter acesso aos depoimentos do casal de marqueteiros acesse o link:

 

Oras, a Odebrecht é empresa estrangeira. Trinta mais Vinte milhões de dólares é igual a cinquenta milhões. É, de longe, um valor exorbitante, e certamente não tem o amparo da lei de financiamento dos partidos políticos. As mesmas fontes citam que o valor total deve ter chegado a setenta milhões de dólares, já que os cinquenta milhões foram apenas pagamento para os serviços de João Santana e Mônica Moura.

ABUSO DE PODER POLÍTICO

Os marqueteiros Mônica Moura e João Santana deixaram claro que a Odebrecht é dona de metade de Angola porque comprou o poder angolano todo. Foi ela que, junto com o presidente José Eduardo dos Santos, construiu o projeto do atual modelo de Estado angolano, tudo para que seus interesses económicos fossem mantidos.

 

O presidente da república de Angola deveria ser denunciado por fraude fiscal, financiamento ilegal de campanha, corrupção ativa e passiva e abuso de poder político. Mas, como essas são linguagens atípicas ao sistema judicial angolano, onde o crime é um fato tipo praticado sobretudo pelos partidos da oposição ou de gente que não comunga os mesmos princípios que aquele grupo, nada aconteceu até agora.

 

Os países que tomaram conhecimento de revelações tão sórdidas foram todos em busca de mais informações a fim de processarem a Odebrecht nas ações que têm naqueles territórios. Mas Angola, muito estranhamente, nada fez, e mostra que nada fará. É necessário que a UNITA e a CASA-CE voltem à carga perante os tribunais e exijam a impugnação das campanhas eleitorais de 2008 e de 2012 sustentados nesses novos fatos.

ESTRATÉGIA CRIMINOSA DE MANUTENÇÃO DO PODER POLÍTICO

A Odebrecht foi chamada a participar da orquestração e implementação de um projeto realmente diabólico. Transformar ex-chefes do exército (generais, brigadeiros, etc) em empresários, a fim de emergirem como a elite económica angolana, todos patrocinados por fundos públicos que entraram no país através de parcerias externas com Brasil, China, Estados Unidos e outros país que investiram e investem em Angola. José Eduardo dos Santos e o MPLA compraram o silêncio dos militares angolanos, classe que jamais realizará uma manifestação em favor do sofrido povo angolano, porque enquanto o povo sofre, ELES VIVEM MUITO BEM.

 

Antes de tais informações privilegiadas era impensável descobrir como, por quais vias afinal tantos militares teriam se transformado em empresários multimilionários. A operação lava-jato veio pôr fim a este mistério, e cumpre-se a profecia de Jesus Cristo:


“Pois nada há de oculto que não venha a ser revelado, e nada em segredo que não seja trazido à luz do dia.” Marcos 4:22.

 

Existe uma elite militar e económica que jamais se insurgirá contra o regime angolano, porque ela enriqueceu à custa da miséria dos demais. A nossa esperança hoje é que a comunidade internacional imponha sansões à Angola por conta dos crimes que os seus governantes vêm comente contra o povo, contra os sistema financeiro internacional.

 

Por causa disto, quando a sociedade civil tenta exercer o seu direito constitucional de manifestação a política nacional e o exército, quase que cegamente, agride o povo e protege os interesses de José Eduardo dos Santos. Em Angola ninguém pode denunciar crime algum, fato algum que desabone a imagem do “líder” imortal José Eduardo dos Santos, mesmo que os fatos falem por si: CORROMPERAM TODOS OS MILITARES COM FAVORES, BENESSES, E ORQUESTRARAM UM PROJETO CRIMINOSO DE MANUTENÇÃO NO PODER E SAQUE EM PARCERIA COM A ODEBRECHT.

 

No Brasil a Odebrecht teve que revelar quanto ganhou neste esquema criminoso. Mas em Angola tudo corre sob o ensurdecedor sigilo de (in)justiça.

 

Mas, como sempre temos dito, importa salientar que o sistema eleitoral e político angolano é completamente contaminado por práticas de corrupção, e não haverá progresso em Angola antes que os próprios angolanos queiram reformar a política, o judiciário e a maneira de proceder.

 

Angola não tem credibilidade perante nenhum sistema económico no mundo além da China. E mesmo na China, não se trata de reconhecimento daquele país, mas sim, de mero interesse no que temos para oferecer, enquanto o tivermos.

 

Como alto índice de corrupção, o nosso país permanecerá na cauda do mundo em matéria de desenvolvimento económico, humano e de direitos humanos. Os presidentes esquecem-se que são passageiros, mas que o mal que fazem ao país permanecerá por várias gerações.

 

Que Deus nos acuda e livre desta corja de pessoas que nada têm haver com a justiça e a moral. Que pensam apenas em enriquecer, como se deste mundo sairão levando as notas de dólares que acumulam.

Domingos Amândio Eduardo