Luanda - Angola precisa de realizar estudos sobre a real tendência e consequências do tabagismo no país, apesar de o consumo de tabaco entre adultos e adolescentes ainda não constituir "um sério problema" de saúde pública.

Fonte: Lusa

A situação do país foi hoje descrita pelo ministro da Saúde angolano, Luís Gomes Sambo, na abertura da reunião técnica de Preparação de Relatórios Oficiais sobre a Implementação da Convenção Quadro da Organização Mundial de Saúde (OMS) para o Controlo do Tabaco, que Angola acolhe até quinta-feira.

 

O governante angolano frisou que o país iniciou o seu compromisso para o controlo do tabaco em 1996, com a assinatura de um acordo de cooperação com a companhia aérea angolana, TAAG, para a realização de voos sem fumo, tendo em 1998 criado um despacho ministerial que proibia as pessoas de fumarem em locais públicos, sob pena de pesadas multas.

 

Luís Gomes Sambo admitiu que esse dispositivo legal, apesar da sua importância, ainda carece de implementação efetiva, salientando outros avanços como as taxas aplicadas sobre a importação e consumo de produtos do tabaco, fixadas em 50% e 30%, respetivamente.


Segundo o ministro, desde 2016 que está em discussão o anteprojeto de Lei para o Controlo do Tabaco, que deverá ser aprovado antes do final deste ano.

 

O último estudo realizado em Angola sobre o consumo do tabaco data de 2009, tendo sido revelado que dos 735 estudantes pesquisados, dos 13 aos 15 anos, 20,2% de rapazes e 18,6% de meninas fazem o consumo de cigarros ou outros produtos do tabaco caseiro.

 

Citando um relatório da OMS de 2008, Luís Gomes Sambo avançou que em Angola estima-se que 9% das mortes em homens e 4% em mulheres ocorrem devido ao consumo do tabaco.

 

Angola tem realizado campanhas de sensibilização contra o tabagismo com resultados animadores em lares de infância, escolas e locais públicos, incluindo unidades de saúde, frisou o ministro.

 

Por outro lado, realçou o empenho do país na reforma do seu Sistema Nacional de Saúde, contudo a escassez de recursos qualificados continua a ser um dos maiores desafios, tendo sido ainda assim inserida a atividade de recolha de dados epidemiológicos sobre o consumo do tabaco e dos indicadores sociais, económicos, bem como a sua análise e divulgação.

 

Em declarações à imprensa, à margem do evento, o ponto focal de Angola para o Tabaco pelo Ministério da Saúde, Filomena Wilson, disse que apesar da baixa prevalência de fumadores no país, não deixa de ser um problema, tendo em conta que o tabaco é um dos fatores de risco para as doenças crónicas não transmissíveis, como a hipertensão arterial, doenças do coração, diabetes, entre outras.

 

Acrescentou ainda que o estudo realizado há cerca de oito anos, dava conta que os jovens não fumam diretamente o cigarro, porque têm acesso à folha do tabaco, mascando-a e, muitas vezes inalando o pó do tabaco.

 

Filomena Wilson apontou dificuldades na recolha de dados sobre as consequências do tabaco, assunto preterido devido a preocupações com as doenças transmissíveis como a malária e, nos últimos anos, doenças crónicas não transmissíveis como hipertensão e diabetes.