Luanda - A investigação científica em Angola está reduzida a trabalhos de fim de curso, no âmbito das licenciaturas, revela um estudo divulgado hoje, em Luanda, com financiamento de 700 mil dólares (622 mil euros) do Banco Africano de Desenvolvimento.

Fonte: Lusa

O estudo sobre a "Implicação do Setor Privado no Ensino Superior e na Investigação Científica em Angola", da iniciativa do Ministério do Ensino Superior, elaborada por uma consultora francesa, recomenda a criação de um sistema nacional de garantia de qualidade do ensino superior, face às enormes fragilidades constatadas no setor.

 

De acordo com o professor e investigador francês Habib Marande, que procedeu à apresentação dos resultados do estudo, foi igualmente constatado que o setor privado representa dois terços do ensino superior em Angola, bem como imprecisões sobre uma universidade e um instituto superior.

 

A criação de um sistema nacional de garantia de qualidade do ensino superior em Angola, de um estatuto legal do docente e docente investigador e ainda a instauração de um quadro legislativo e regulamentar renovado constam das recomendações do estudo.


"Um sistema nacional de qualidade do ensino superior para elaboração de programas, planos curriculares, condições de validação e certificação dos estudos e com infra-estruturas adequadas", foram igualmente observados nas recomendações.

 

Habib Marande assinalou ainda que o setor necessita de um aperfeiçoamento de competências profissionais do corpo docente, para difundir a cultura universitária e científica.

 

"Deve também ser criado um quadro nacional de certificação de diplomas do ensino superior privado e ainda uma plataforma de diálogo permanente ao mais alto nível", apontou.

 

De acordo com a Secretária de Estado do Ensino Superior de Angola, Maria Augusta Martins, o estudo enquadra-se nas medidas de políticas do setor do ensino superior constante no Plano Nacional de Desenvolvimento 2013-2017, com vista a melhorar a planificação de desenvolvimento do setor.

 

Por sua vez, o representante residente do Banco Africano de Desenvolvimento em Angola, Septime Martin, disse que a instituição bancária financiou o estudo no quadro da parceria estratégia com o Governo de Angola, no sentido de contribuir para um melhor planeamento do ensino superior em Angola.

 

A inexistência de incentivos à investigação científica no país tem sido recorrentemente levantada por académicos do setor público e privado do ensino universitário do país.

 

Segundo dados divulgados, em março, no ato oficial de abertura do ano académico de 2017, as 24 universidades públicas e as 41 privadas disponibilizaram este ano 111.086 vagas para o ensino superior.