Luanda - É digno que sejamos todos convidados a contribuir de qualquer modo para o engrandecimento da nossa “criança adulta” que se chama Angola. Sendo assim, vou abordar sobre um assunto que me tem deixado um tanto quanto desapontado e que em nada nos tem ajudado no que concerne o desenvolvimento das mentes das pessoas e que nos tem traído até certo ponto dado o nosso elevado sentimentalismo humano sendo que muitas vezes nos deixamos levar pelo sentimento ao invés da razão.

Fonte: Club-k.net

GERAÇÃO DO “COITADISMO”

Erro crasso. Afinal quem são os coitados?

Segundo o dicionário on-line de Língua Portuguesa da Porto Editora e de Acordo Ortográfico, um coitado é uma pessoa ou animal digno de dó, infeliz, miserável; num sentido coloquial, é uma pessoa traída pelo cônjuge ou pela pessoa com quem mantém uma relação amorosa.

 

Indo um pouco mais terra-a- terra, numa definição um pouco mais vivencial e realista, o coitado, no meu modo de ver, é aquele que se aproveita de alguma condição menos boa numa área social, física ou moral para tentar convencer ou suplantar a sua condição de maneira não digna aproveitando-se das pessoas que infelizmente acentuam de maneira muito alta o sentimentalismo e o profissionalismo nas decisões. Não existem pessoas coitadas. Coitado é um animal.

 

Existem pessoas que sofrem uma certa pressão fora do normal nos factos sociais mas que não devem se aproveitar destes descalabros para saírem como vítimas e fruto disto ganharem algum protagonismo.

 

Mas infelizmente há pessoas que “animalam-se”, tornam-se feras mentais para serem coitadas e ganharem benefícios em prol da maioria que luta para ganhar na dignidade e no esforço próprio. Entre vários sectores sociais em que os “coitados” estão inseridos, vou aproveitar e relatar, esmiuçar, destrinçar os factos que tenho vivido todos os dias no meu ramo profissional: educação.

 

Sabemos que o nosso país viveu anos de guerra e por causa dela, muitos são os que foram impedidos de estudar para o defender. A guerra acabou e muitos ficaram deficientes físicos por culpa dela. Existem também outros portadores de deficiência física por factores biológicos, má formação congénita e outros; Há também uma outra parte da sociedade, os de certa idade vivida, avançada e que querem aumentar o nível salarial pelo diploma académico e que acham que devem ser vistos como deficientes também e aproveitam para “acoitadarem-se”.

 

Hoje estas pessoas que combateram por esta Angola têm a honra de voltar a estudar. Já tive alunos do género. Muitos porque não tiveram tempo de estudar por causa da luta armada, outros por serem deficientes físicos biológicos de factores artificiais (acidentes de natureza variada).

 

Se decidiram voltar a estudar devem colocar uma coisa na mente: Estão aptos para estudar, estão bem psicologicamente para lidar com o ramo académico e assim continuarem a ajudar Angola a crescer. Sendo assim devem também pôr na cabeça que são tão normais na sala de aulas tais como os outros seus colegas e não terão benefício algum à parte. Se decidiram juntarem-se e abraçar este desafio esqueçam-se do “coitadismo”.

 

Infelizmente o que tenho visto não é nada agradável. Poucos esforços têm feito. Emperram a situação ao invés de facilitar. Não estudam, não se aplicam na íntegra. Estudam 30%, esperam que os colegas na sala ensinam mais 30% e que a direcção da escola facilita com mais 30% para assim estarem “mediocremente” enquadrados e depois se regozijarem com uma nota 10.

 

Não são todos assim, mas uma grande maioria que mancha o nome da boa minoria.

 

“Coitado do mais velho, dá-lhe só já um 10…” “Coitado do fulano, vive longe e vem até aqui, ajuda só já…” “Ela está grávida já nem consegue mais estudar, dá só um 10 para aprovar… ”, “Ele é portador de deficiência; vamos só já ajudar para sair já daqui da escola”.

 

Porque misturar as coisas? Não importa a aparência física ou social. Desde que tenha vontade e a mente sã deve ser visto como normal e como a maioria. Gostam de ser vistos como coitados e obterem bónus não digno. Não importa a idade, a situação social e/ou a deficiência física, se não sabe não aprova. Organizemo-nos. Se formos a facilitar os coitados, vamos formar uma sociedade “coitadista” que quererão comandar os outros se um dia estiverem na governação. Mentes coitadas. Estes são os grandes complicados que vêm sempre Angola com problemas mas não conseguem admitir que facilitam este incrédulo sistema de corrupção moral. Não quer dizer que devamos perder o sentimento humano, mas não se deve dar tréguas quando a questão é a formação, a educação do homem moderno. Não devemos nunca brincar com a formação.

 

Todos querem ser “coitados” em busca de benefícios mas não querem ver o esforço que o “coitado” do professor, educador ou instrutor faz para os formar.

 

Meus caros, Angola prepara-se para o seu melhor. Vamos todos lutar contra a “geração coitada”. Refiro-me com maior incidência no ramo da educação aonde eles estão em maioria e que se não tomarmos uma decisão atempada, será crescente.

 

Que cada um seja capaz de dar uma resposta atempada. Angola precisa de gente capaz com vontade de levar o bom nome com orgulho pra frente e não de pessoas que obtiveram sucessos na sociedade fruto do coitadismo.

 

Rejubilemos com uma Angola próspera, bem-aventurada combatendo o coitadismo e seus fundamentalistas.

 

 Edson Nuno a.k.a Edy Lobo