Luanda - Angola vendeu praticamente menos 15% de gasóleo e gasolina em 2016, queda que a concessionária petrolífera estatal Sonangol justifica com a crise que o país atravessa e com o aumento dos preços.

Fonte: Lusa

De acordo com dados da Sociedade Nacional de Combustíveis de Angola (Sonangol) sobre a comercialização de combustíveis refinados, o gasóleo foi o mais vendido em 2016, com 2.614.049 toneladas, uma quebra de 14% face ao ano anterior.

 

Seguiu-se a gasolina, com 819.445 de toneladas vendidas, menos 15% quando comparado com 2015, enquanto o gás butano caiu 6%, para 233.270 toneladas.

 

No total, a Sonangol comercializou 4.269.479 toneladas de combustíveis refinados, uma quebra de 12% face a 2015, explicada pela empresa liderada por Isabel dos Santos com a “contração da procura, face à atual conjuntura económica nacional, sobretudo pelo aumento dos preços dos produtos refinados, como consequência da eliminação das subvenções [do Estado] ao preço”.

 

Angola foi o maior produtor africano de petróleo em 2016, com cerca de 1,7 milhões de barris de crude por dia, mas a reduzida capacidade de refinação continua a obrigar o país a importar uma parte significativa das necessidades em gasóleo e gasolina.

 

Só de gasóleo, a Sonangol teve de importar 2.352.671 toneladas durante todo o ano, uma quebra homóloga de 23%, enquanto as compras de gasolina no exterior do país chegaram a 1.030.070 toneladas, uma redução de 17%.

 

A Lusa noticiou em dezembro último que Angola importa mensalmente 150 milhões de euros em combustíveis refinados, fornecimento que está a ser dificultado pela falta de divisas, atrasando pagamentos por parte da concessionária estatal Sonangol.

 

A informação foi prestada na altura pela Sonangol, que reconheceu então, igualmente, a limitada produção nacional de combustíveis refinados, que ronda apenas 20% do consumo total.

 

Além disso, recordou na altura a empresa, os custos incorridos são em dólares norte-americanos (compra no exterior) e as vendas realizadas em kwanzas no país, num cenário de crise financeira, económica e cambial que Angola atravessa.

 

O Estado angolano deixou de comparticipar o gasóleo desde 1 de janeiro de 2016, passando ao regime de preço livre, tal como acontecia desde abril de 2015 com a gasolina. A decisão foi divulgada a 31 de dezembro de 2015 pelo Ministério das Finanças de Angola, em comunicado sobre o ajuste no gasóleo, produto que passa a “pertencer ao regime de preços livres, cessando assim a obrigação do Estado com a subvenção de preços”.

 

A medida foi então justificada com a conjuntura internacional, devido à quebra na cotação internacional do barril de crude.

 

Estas alterações – quarto aumento de preços em menos de dois anos – foram então aplicadas pela Sonangol, com o litro de gasóleo a passar a custar 135 kwanzas, face aos anteriores 90 kwanzas (de 47 para 71 cêntimos). Em simultâneo, o preço do litro de gasolina – que está em regime de preço livre – passa a custar 160 kwanzas, contra os anteriores 115 kwanzas (de 60 para 84 cêntimos).

 

Estas subvenções, que em 2013 foram de 700 mil milhões de kwanzas (cerca de cinco mil milhões de euros, à cotação de então), serviam para manter os preços dos combustíveis artificialmente baixos.