Luanda - O presidente da Conferência Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST), arcebispo Filomeno Vieira Dias, afirmou que a solidariedade não se pode limitar a alguns atos esporádicos e defendeu a criação de uma nova mentalidade, estruturas e atitudes.

Fonte: Lusa

A posição do também arcebispo de Luanda foi expressa hoje, na capital angolana, durante a cerimónia oficial de lançamento da Bolsa de Solidariedade Social, uma iniciativa do Governo angolano em parceria com os atores sociais e a sociedade, com vista a ajudar pessoas carenciadas.


"A palavra solidariedade significa muito mais do que alguns atos esporádicos de generosidade, supõe a criação de uma nova mentalidade que pense em termos de comunidade, de prioridade à vida de todos sobre a apropriação dos bens por parte de alguns", disse.


Para o presidente da CEAST, muitas das ações de beneficência ficam aquém dos objetivos propostos, por isso sublinhou a necessidade de respostas objetivas a quem mais precisa e de uma mudança de mentalidade.


"Não podemos falar apenas de esmolas e ajudas, mas em estruturas e atitudes. Uma mudança nas estruturas sem gerar novas convicções, atitudes e até valores fará com que estas mesmas estruturas mais cedo ou mais tarde se tornem pesadas e ineficazes", observou.


Durante a sua intervenção, o arcebispo de Luanda considerou ainda o caso de benemerência pública um "problema mais grave" para os Estados em todo o mundo, porque, explicou, em ações de solidariedade os Estados distribuem o que é das próprias pessoas.


"Porque em vez de estar a dar o que é seu, está a distribuir o que é das próprias pessoas a quem o ministério o entrega. Esta autossuficiência intelectual tem gerado muita incompreensão", sustentou.


O arcebispo aplaudiu ainda a iniciativa da Bolsa de Solidariedade Social, lembrando que "dar é um envolver-se de corpo e alma e é um compromisso a quem se lhe oferece solidariedade".


"O pobre não é ignorante, o pobre não é bruto, o pobre não é um subtipo de pessoa", concluiu.