Luanda - A Central Geral dos Sindicatos Livres de Angola (CGSILA) condenou hoje a situação dos trabalhadores da Empresa Nacional de Pontes, há 46 meses sem salários e há algumas semanas em vigília, pedindo a intervenção das autoridades.

Fonte: Lusa

"A situação é realmente de lamentar. Não só de lamentar, mas também de condenar a atitude da entidade empregadora que até este momento não satisfaz as preocupações dos trabalhadores", afirmou à Lusa o secretário-geral adjunto da CGSILA, David Miqueno.

O sindicalista classificou como "preocupante" a condição em que se encontram os mais de 400 trabalhadores da empresa angolana, afirmando que a situação está a afetar dezenas de famílias que dependem do salário desses trabalhadores.

"Porque está em causa a situação de vida dos trabalhadores e dezenas de famílias que dependem diretamente desses trabalhadores, o que é mais preocupante", afirmou.


Os trabalhadores da Empresa Nacional de Pontes caminham para um mês de vigília junto às instalações da empresa, reclamando pelo pagamento dos quase quatro anos de salários em atraso multiplicando as suas lamentações.

O secretário-geral adjunto da CGSILA defende que é tempo de "quem de direito" responder às preocupações dos trabalhadores.

"Imagine como vai gerir a sua vida um trabalhador sem salários há 46 meses", questionou David Miqueno.

O ministro da Construção de Angola, Artur Fortunato, responsabilizou recentemente a direção da Empresa Nacional de Pontes pelos 46 meses de salários em atraso aos trabalhadores, afirmando que a dívida do setor à firma já foi paga.

"Relativamente as dívidas que tem com o próprio setor já avançamos, já foi paga, esperamos que isso minimize de alguma forma a situação que se alastra e ver daqui para frente como é que se equacionará essa questão", disse.

Em declarações à imprensa, em Luanda, o governante esclareceu não ser competência do ministério o pagamento dos salários, mas sim da direção da empresa, que "deve buscar rendimentos para sustentar as suas atividades".

"Mas, mesmo assim, estamos a trabalhar com o Ministério da Economia no sentido de tentar equacionar melhor esta questão já que é uma empresa do nosso setor", explicou.

Mesmo após as promessas da direção da empresa, os trabalhadores da Empresa Nacional de Pontes iniciaram segunda-feira mais uma semana sem os respetivos salários, que esperam há 46 meses.

"A situação está crítica, lamentável. As pessoas dizem que a empresa tem dinheiro, mas a empresa não disponibiliza o dinheiro aos trabalhadores. Aqui estamos a morrer de fome", desabafou Manuel Jerónimo, de 38 anos.

Em declarações anteriores à Lusa, o diretor-geral da Empresa Nacional de Pontes de Angola, José Henriques, disse que o pagamento dos salários estava a ser feito de forma paulatina, assegurando que alguns pagamentos à empresa foram já concretizados.

"Estamos a trabalhar nisso. Eu vou pagar os salários mediante as receitas que for recebendo. Estamos a pagar", disse.

O responsável afirmou que a empresa começou a receber pagamentos em atraso de obras, o que permitiria liquidar salários em atraso, mas isso ainda não aconteceu.