Luanda - A sociedade pública angolana Recredit prevê alargar a compra de crédito malparado a mais quatro bancos comerciais, até 765 milhões de euros, depois de já ter acertado adquirir este tipo de ativos ao estatal Banco de Poupança e Crédito.

Fonte: Lusa

Segundo informação prestada pelo presidente do conselho de administração da Recredit, Vicente Leitão, aquela sociedade está a negociar a aquisição do crédito malparado de cinco bancos comerciais angolanos, além do BPC também com o Banco de Comércio e Indústria (BCI), Banco Angolano de Investimentos (BAI), Banco Keve e Banco de Negócios Internacional (BNI).

 

No entanto, o administrador afirma que a instituição não é um «banco mau», por não comprar ativos para vender, mas sim para recuperá-los, em função do interesse da economia nacional e não apenas do interesse financeiro.

 

«Não somos um banco mau. Não compramos para vender. Comprámos para transformar», afirmou na quarta-feira, em Luanda, Vicente Leitão.

 

A Lusa noticiou a 19 de julho que Angola vai emitir dívida pública em moeda nacional para financiar nova compra do crédito malparado à banca, elevando a fatura da operação, desde dezembro último, a cerca de 2.000 milhões de euros.

 

O Estado angolano prepara-se para fazer uma emissão de 150.000 milhões de kwanzas (cerca de 765 milhões de euros à taxa de cambio de hoje) em dívida pública para financiar a sociedade Recredit, cujo propósito é comprar os créditos malparados e problemáticos da banca nacional.

 

A informação consta de uma autorização presidencial, de 12 de julho, a que a Lusa teve acesso, e junta-se a outra emissão de dívida pública a favor da Recredit, no valor de 231.127 milhões de kwanzas (1.179 milhões de euros), realizada em dezembro especificamente para comprar crédito malparado no BPC.

 

Esta nova emissão de divida pública, autorizada por decreto assinado pelo Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, insere-se no quadro da «estratégia comercial» da Recredit, aprovada em março último pelo Governo e que «contempla a capitalização adicional realizada em 2016, para habilitar esta instituição financeira a responder aos desafios decorrentes da regeneração da banca nacional, especialmente a pública», lê-se.

 

De acordo com Filipe Duarte, administrador-executivo da Recredit, o processo de negociação com vista à aquisição do crédito malparado possui duas componentes, sendo a primeira a de verificar a segurança jurídica e a segunda a de análise de risco e de crédito.

 

Acrescentou que na análise de crédito existe uma outra componente que avalia o potencial de desenvolvimento deste negócio.

 

A sociedade anónima de capitais públicos Recredit foi criada em 2016 enquanto participada a 100 por cento pelo Ministério das Finanças, com o objetivo de absorver o crédito malparado do BPC, um dos maiores do país, mas a missão foi alargada por decisão do Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, em dezembro último, a toda a banca nacional.

 

Só o crédito malparado no BPC, o maior banco angolano, ultrapassa os 500 mil milhões de kwanzas (2.550 milhões de euros), metade do qual vai começar a ser vendido à Recredit ainda este ano, adiantou em julho o presidente do conselho de administração do banco, Ricardo d`Abreu, questionado pela Lusa.