Luanda - O Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, em final de mandato após 38 anos no poder, inaugurou hoje a maior hidroelétrica do país, em Laúca, e lançou a primeira pedra em Caculo Cabaça. Os investimentos nos dois empreendimentos, no rio Kwanza, estão estimados em 7.500 milhões de euros.

Fonte: Portugal Digital/Lusa

As duas barragens foram projetadas num trecho de 20 quilómetros do rio Kwanza, entre as províncias de Malanje e do Cuanza Norte, e representam as maiores obras públicas da liderança de José Eduardo dos Santos, que abandona o poder depois das eleições gerais de 23 de agosto, às quais não se recandidata, ao fim de 38 anos.

 

Participaram das duas cerimónias, além da generalidade dos ministros angolanos e do chefe de Estado, o vice-Presidente, Manuel Vicente.

 

“Nunca lhe seremos suficientemente gratos, camarada Presidente”, observou, na sua intervenção oficial, em Laúca, o ministro da Energia e Águas, João Baptista Borges, naquela que terá sido a última grande obra inaugurada por José Eduardo dos Santos, enquanto chefe de Estado.

 

O Aproveitamento Hidroelétrico de Caculo Cabaça (gémeos, da tradição local), comuna do município da Banga, na província do Cuanza Norte, será, dentro de cinco anos, a maior barragem em Angola, gerando 2.172 MegaWatts (MW) de eletricidade.

 

A obra, a quarta barragem na bacia do médio Kwanza, cuja primeira pedra foi lançada hoje por José Eduardo dos Santos, será construída, conforme contratação feita em 2015 pelo Governo angolano, pelo consórcio chinês CGGC (China Gezhouba Group Corporation) & Niara Holding, por 4.532 milhões de dólares (3,8 mil milhões de euros), com financiamento do Banco Comercial e Industrial da China.

 

Com 103 metros de altura máxima, a barragem vai armazenar 440 milhões de metros cúbicos de água e integrará uma central e um circuito hidráulico previstos para um caudal de 1.100 metros cúbicos de água a debitar por segundo, entre quatro grupos geradores.

 

Segundo o ministro João Baptista Borges, trata-se de um “grande projeto” nacional para Angola atingir a meta de 9.000 MW de capacidade instalada em todo o país até 2025.

 

Além do sistema de abastecimento da região norte, que inclui Luanda, entre outras províncias, Caculo Cabaça permitirá, através da interligação das redes centro e sul, a exportação de eletricidade para países como a Namíbia ou África do Sul.

 

“Não nos podemos esquecer que estamos numa região em que o nosso país é um dos que de mais recursos energéticos primários dispõe, sobretudo a água”, sublinhou anteriormente, questionado pela Lusa, João Baptista Borges.

 

Depois de Caculo Cabaça, a 270 quilómetros de Luanda, José Eduardo dos Santos presidiu, cerca das 14:40, à inauguração do Aproveitamento Hidroelétrico de Laúca, cujo primeiro grupo gerador entrou hoje, oficialmente, em serviço, debitando na rede nacional os primeiros 334 MW de eletricidade.

 

Em plena barragem de Laúca, província de Malanje, o Ministério da Energia e Águas aproveitou a presença de José Eduardo dos Santos para descerrar um busto do chefe de Estado, como homenagem.

 

Trata-se de uma obra que arrancou em 2012, a cargo da construtora brasileira Odebrecht, que ainda subcontratou várias empresas de origem portuguesa, casos da Somague Angola, Teixeira Duarte, Epos, Tecnasol e Ibergru, com mais de 250 trabalhadores, além de 130 empresas angolanas.

 

Considerada a maior obra de engenharia civil de sempre em Angola, e a segunda maior barragem em África, servirá para abastecer oito milhões de pessoas, chegando em 2018 às províncias do centro do país, como o Huambo e Bié.

 

Foi encomendada pelo Estado angolano por 4,3 mil milhões de dólares (3,6 mil milhões de euros), envolvendo financiamento da linha de crédito do Brasil e movimentou, nas várias fases, cerca de 13.000 trabalhadores.