Luanda - A escolha do lema para a campanha do MPLA referente ao período de governação 2017-2022 foi vista como o crepúsculo de uma nova era por parte de alguns sectores da sociedade, mas que no fundo, na prática, no que se vê durante os primeiros dias da campanha, não. Não porque o MPLA parece que só sabe aquilo que fez de bem e que obviamente será melhorado em alguns aspectos, mas que presumivelmente manterá os erros à sua mercê: incorrigíveis e incorrigidos.

Fonte: Club-k.net

Este pressuposto não parte de apenas uma observação resultantes das promessas de bem-estar que vem fazendo desde a fundação da república Independente de Angola, mas os factos são mesmos actuais: a forma como o partido maioritário tem conduzido a sua campanha. Dum lado, ou o MPLA não sabe como deve adequar a sua campanha ao slogan que criou, dum outro lado talvez, seja a ignorância habitual e imaginando que a sociedade não está atenta. A ser assim, vê-se que o MPLA não está interessado em corrigir os seus erros, porque:


1. Durante toda a campanha só fala daquilo que fez de BEM e que eventualmente poderá melhorar


2. Nunca em momento algum, quer na apresentação pública, quer nos tempos de antena ou em publicações digitais, ousou-se em apontar o cano para o próprio pé para chamar que o dedos que se tem são muito feios. A tudo isto, paira a dúvida de que, quando o partido governante não menciona o que fez de errado para corrigir, investindo-se nos mesmos discursos de garantir, aumentar, disponibilizar, etc., etc. dá-nos a prova de que não sabe que fez isto ou aquilo de errado. Porém, em doutrinas teológicas, aprendemos que aquele que espontaneamente não confessa os seus erros está sujeitos a repeti-los. E dizer apenas que vai garantir um poder judicial independente conforme nas promessas passadas, então nos remete à ilusão de que a nossa justiça será a mesma que de hoje.


Se o MPLA é capaz de dizer que desde 2003 tem construído pontes e precisa continuar a reconstruir o país, por que razão não é capaz de dizer que desde a sua ascensão ao poder tem sido intolerante com os seus críticos e que poderá tratar todos pela angolanidade ou pela cidadania? Se é possível dizer que temos bons hospitais, por que razão não se pode dizer que desde muitos anos tem havido por parte dos dirigentes do partido excessivos desvios de medicamentos destinados aos hospitais e que isso será corrigido?

Destas e doutras inquietações, tiram-se as seguintes ilações:

a) O Projecto que o MPLA pretende construir ainda não é o mais adequado para uma Angola que nos venha orgulhar futuramente;

b) Não precisamos aqui apenas olhar pelo amadorismo político, o partido no poder não apenas é visto na perspectiva futurista, como é também julgado pelo seu passado que não é digno para uma sociedade próspera;
Advogo que, ao passarmos a pente fino no programa do MPLA vê-se muita insuficiência, como o exemplo sobre a matéria da Educação e não só.

Se não falarem dos seus erros, não corrigirão. Então tentemos mencionar alguns erros:

* Será que o MPLA sabe que errou ao julgar cidadãos por simplesmente estarem contra a sua forma de governar?

* Porque não dizem que o facto de confiar simplesmente na militância e não na competência profissional foi um erro?

* Por que razão não dizem que erraram ao semear um ambiente de nepotismo excessivo quando colocaram seus familiares nos cargos que não deviam?

* Porquê não dizem que pretendem corrigir o erro de em vez de investir em Angola como fizeram poderão tirar o dinheiro nos bancos exteriores e trazer para o país?

* Como não nos dizem que erraram ao prender funcionários que simplesmente reivindicavam os seus direitos com greves e manifestações?


A minha dúvida é que, o MPLA ao não assumir posição de confissão espontânea, arma-se em arrogante e posteriormente dá mais uma vez a noção de que isto tudo que ele praticou não é um erro e que a atenção principal não será o desejo de corrigir. Se eles não dizem os seus erros, é porque não conhecem; e não conhecendo os mesmos, nunca os corrigirão. Em investigação científica ou artística só há hipóteses se se entender e expor o problema.


Ao longo dos anos o partido governante mostrou que é alérgico às críticas: se forem dos seus militantes, automaticamente são afastados e, se forem de outras forças fora do seu partido, são perseguidos, destratados ou retaliados frequentes vezes. Logo, se o MPLA não é capaz de ser criticado a ponto de resultar efeitos, então o partido não corrigirá os erros que como título de capa eleitoral pretende vincar como uma promessa a cumprir.


A sociedade precisa saber dos inúmeros erros que se tem como resultado dessa governação, quais serão corrigidos, pois é da nossa convicção que 5 anos é tempo irrisório para combater todos erros, ainda mais se tratando do mesmo partido que os criou e que governa com os mesmos homens que os criou. Os sinais de que estaremos na mesma situação com o MPLA no poder são visíveis: a partidarização da mídia pública, o uso abusivo de meios públicos para benefício de UM SÓ como as escolas, transportes, casas protocolares, etc. são somente algumas das provas de que muita coisa não passa de simples falácias.


Se não forem capazes de confessar, não terão a coragem de corrigir jamais.