Luanda - No seu tempo de antena de quinta-feira, na rádio e na televisão, a UNITA reagiu às farpas lançadas pelo candidato do MPLA no comício realizado na terça-feira no Cuito, na província do Bié.

Fonte: JA

Disse João Lourenço, mais em jeito de resposta do que de ataque, que aqueles que hoje estão a prometer empregos para a juventude, são os mesmos que ontem andaram a destruir, a dinamitar as fábricas. Mas o MPLA está e vai continuar a erguer fábricas, a erguer indústrias para criar postos de trabalho e dar emprego aos jovens.


Para a UNITA, na voz de Adalberto da Costa Júnior, essa passagem representou um regresso ao passado dramático do povo angolano e não contribui para o reforço do espírito de reconciliação nacional.


Todos os candidatos e formações políticas da oposição, sem excepção (UNITA, CASA-CE, PRS, FNLA, APN), têm referido, nos seus tempos de antena, que o MPLA e o seu presidente estão no poder “há mais de 40 anos, ou há 42 anos, e que chegou a hora de mudança”. Nessas contas não subtraem os 27 anos de guerra civil que o país conheceu e também não fazem referência às realizações extraordinárias conseguidas nesse período e as obtidas em apenas 15 anos de paz.

E a pergunta que se coloca é: então, uns podem falar do passado e outros não?


É óbvio que, em campanha eleitoral e por conveniência política, à oposição interessa ignorar olimpicamente esses detalhes e centra os seus ataques nos aspectos negativos da governação ao longo desse período. É o jogo político. Até aí percebemos todos.


Todavia é consensual que não se pode exigir que o país tivesse, em tempo de guerra, o mesmo desempenho como nos anos de vivência em ambiente de paz. O esforço de guerra consumiu uma boa parte dos recursos para garantir a integridade, a defesa e a segurança nacional, recursos esses que, de outro modo, teriam permitido a Angola um outro estádio de desenvolvimento.


Por isso, parece-me oportuno e justo abordar aqui um tema importante, que tem a ver com a questão da periodização da história política do país. Não creio que seja correcto que isso passe, de todo, ao largo da campanha eleitoral.


Diz a enciclopédia livre que a periodização da história é um método cronológico usado para contar e separar o tempo histórico da humanidade. A linha do tempo aparece como um dos recursos mais importantes para periodizar a história. Os factos/eventos são nele encaixados, caracterizados, catalogados, para uma melhor compreensão da divisão que é estabelecida sobre os diferentes momentos do pensar e agir do homem.


Por isso é que hoje fala-se em dois grandes períodos na História da humanidade: a Pré-História e a História. O primeiro é caracterizado como sendo o período que vai do aparecimento dos primeiros homens até à invenção da escrita, ao passo que o segundo compreende a invenção da escrita até aos dias de hoje. De uma forma mais elaborada no período da Pré-História temos o Paleolítico ou Idade da Pedra Lascada, Neolítico ou Idade da Pedra Polida e Idade dos Metais; já no da História vamos encontrar a Idade Antiga, a Idade Média e a Idade Contemporânea.

A Política também se “apropriou” do método da História para balizar o tempo em unidades sequenciais. E nós, como é óbvio, não fugimos à regra.


Por isso, na nossa História, temos dois grandes períodos: o colonial e o pós-independência. No período colonial vamos encontrar uma séria de eventos, entre os quais pontificam as grandes batalhas levadas a cabo no âmbito das guerras de resistência à ocupação colonial e, posteriormente, a luta de libertação nacional. No período da independência e pós-independência outros acontecimentos políticos de vulto, em que a componente bélica esteve fortemente presente, também se encarregaram de lhe conferir características particulares. A proclamação da independência, a 11 de Novembro de 1975, aconteceu tendo como pano de fundo a célebre batalha de Kifangondo, na sequência da invasão do país por mercenários e forças estrangeiras. Depois veio a guerra civil que durou 27 anos e que só terminou em Abril de 2002. De 1991 a 1992 tivemos um curto período de paz que foi praticamente como uma pausa na guerra. Ela reacendeu em Outubro de 1992. A paz efectiva só existe desde 2002.

* Director Nacional de Publicidade, a sua opinião não vincula o Ministério da Comunicação Social