Luanda - A Multinacional italiana ENI está a despedir vários trabalhadores angolanos, a maior parte dos quais são profissionais ligados à empresa há mais de 20 anos.

*Ilidio Manuel
Fonte: Facebook

Em 2015, o director Guido Brusco despachou para rua os representantes sindicais da referida empresa, de forma ilegal, mas sem consequências para o gestor italiano. Esperava-se que as autoridades angolanas reagissem em defesa dos seus compatriotas, algo que não ocorreu até hoje, devido a supostas relações de cumplicidade. Os lesados intentaram os respectivos processos judiciais que se arrastam penosamente pelos tribunais sem solução.


No 1º semestre deste ano, muitos angolanos receberam cartas de advertência, sem fundamentos plausíveis, e a ENI, numa demonstração de poder, começou a efectuar os despedimentos.

Por ironia do destino, enquanto em Angola um italiano tira o pão aos nativos, na Itália o presidente do grupo Eni, engenheiro Claudio Descalzi, numa entrevista difundida pelos órgãos de comunicação sociais locais, revelou que em resultado da crise mundial na indústria petrolífera, possivelmente iriam ocorrer despedimentos naquele país europeu.


No dia 20 de Janeiro de 2016, o Sindicato da Industria de Hidrocarbonetos convocou uma greve geral em toda Itália, paralisando todas actividades do grupo Eni, o que fez com o presidente do grupo Eni recuasse na sua decisão. Recentemente na Nigéria, o representante da Chevron despediu os representantes sindicais locais, foi o suficiente para despoletar uma greve geral, tendo o ministro de Trabalho obrigado o mandatário da multinacional a abandonar esta nação africana, no espaço de uma semana, e sido obrigado a readmitir os trabalhadores expulsos.


Na Eni em Angola, Brusco contínua feliz e intocável, e segundo a nossa fonte, o Minpet «ordenou» ao SME a prorrogação do visto de trabalho para mais um ano de permanência em Angola.


Actualmente, os Angolanos que prestam serviço nesta empresa o clima é de autêntico pavor e insegurança, basta que alguém seja chamado ao sector dos RH, o espectro de despedimento gravita, o que é francamente perturbador.


É verdade que a história regista Itália como a primeira nação europeia a reconhecer a independência de Angola, mas a arrogância e a sequência de atropelos deste director são lamentáveis, dado que nem o senhor Descalzie nem as autoridades angolanas não se pronunciam oficialmente e como todos sabemos, que os processos para que sejam julgados nos nossos tribunais levam uma eternidade, sucede que muitas vezes quando se conhece a sentença os trabalhadores e/ou seus agregados já não existem ou estão em autêntica indigência agonizante. Por este impune andar acreditamos que outros despedimentos de Angolanos estão a ser arquitectados. Muita pena dado que também há angolanos internamente a orquestrar e a afinar o sinistro cronograma de colocar seus “irmãos” na forca.

O irónico de tudo é que enquanto são expulsos Angolanos com anos dedicados a empresa e acreditamos com experiência profissional, a ENI coloca anúncios de recrutamento supostamente para o pessoal local, mas que no fim com respaldo do Ministério dos Petróleos é dado luz verde ao SME para concessão de vistos de trabalho a expatriados, por indisponibilidade local, segundo a nossa fonte esta é a estratégia de várias multinacionais.

Os lesados da ENI acreditam que os ministros de Trabalho, dos Petróleos e Sonangol Concessionária ainda vão a tempo de parar esta pouca vergonha.