Luanda - O Produto Interno Bruto (PIB) per capita em Angola assumiu em 2016 o valor de 3.654,73 dólares americanos, de acordo com dados oficiais. Quer dizer que o valor da soma dos bens e serviços produzidos em Angola corresponde a 3.655 dólares por habitante do nosso país.

Fonte: Novo Jornal

Se considerarmos os sectores agregados, conclui-se que o maior peso no PIB corresponde ao sector não petrolífero, com 80,4%. Quanto ao sector petrolífero, representa apenas 19,6% do PIB.

 

O primeiro gráfico apresenta a estrutura do PIB no ano passado, podendo-se aí constatar que, de um modo geral, é o sector dos serviços que aparece em primeiro lugar, com cerca de um terço do PIB. Temos depois o sector dos petróleos, a agricultura, a construção e a indústria transformadora. Com peso bastante menor estão os sectores dos diamantes, pescas e energia.

 

A estrutura do PIB em 2016 demonstra que em termos relativos, a participação do sector petrolífero já não é dominante.

 

Desde o princípio dos anos 80 assistiu-se a um aumento da importância do sector petrolífero na economia angolana, enquanto diminuia a importância da indústria e da agricultura. As autoridades angolanas têm falado, com frequência, da necessidade de ir atribuindo cada vez maior peso ao sector não petrolífero da economia. Será que se está realmente a conseguir esse desiderato?

 

Até ao ano 2008, o peso do sector petrolífero no PIB era superior a 50%, sendo que tal peso nesse ano foi de 57,9%, de acordo com dados do Ministério do Planeamento. Tal como podemos verificar no segundo gráfico, o peso do sector petrolífero começou a partir de 2009 a situar-se abaixo dos 50%. Registou logo um grande decréscimo em 2009 (de 58% para 39%), mas ascendou logo a seguir.

 

A partir do ano 2011, a importância do sector petrolífero começou a diminuir paulatinamente, para se situar no valor mais baixo de sempre em 2016 – 19,6%, que podemos arredondar para 20%. Isso quer dizer que a importância do sector petrolífero no quadro geral do produto interno bruto, que ainda há pouco tempo se situava acima dos 50%, passou no ano passado a representar somente um quinto da produção global do nosso país. Trata-se de um dado animador, que indica ser acertada a direcção que o Executivo vem seguindo, em prol do desenvolvimento económico e social, e para que cada vez mais angolanos possam beneficiar desse desenvolvimento.

Evolução do PIB não petrolífero

Resta verificar o que se passa com a evolução do PIB não petrolífero. Ao contrário do que ocorre com o PIB petrolífero, a importância do sector não petrolífero tem vindo a crescer, ao ponto de em 2016 representar 80% do produto interno bruto (quando ainda oito anos antes representava menos de 50%). No período 2008-2016, o PIB não petrolífero cresceu a um ritmo médio de 8,4% ao ano.

 

O terceiro gráfico mostra o que se passa com o crescimento do PIB no período de 2009-2016. O produto interno bruto tem vindo a crescer a uma taxa cada vez mais positiva, até ao ano 2013. Mas a partir de 2014, devido à crise económica que nos atingiu, esse crescimento abrandou, situando-se em valores cada vez mais baixos e atingindo 0,1% em 2016. Mas não há lugar a recessão, tal como esclarecemos na caixa adiante.

 

Já vimos que o peso do sector petrolífero no PIB tem sido cada vez menor a partir de 2009. No terceiro gráfico, isso reflecte-se nos valores negativos do crescimento do PIB petrolífero, ficando assim demonstrada uma desaceleração no crescimento da importância do sector petrolífero para a economia angolana. As excepções a esta regra registaram-se apenas nos anos 2012 e 2015, mas mesmo apesar do crescimento dos valores nominais, a importância relativa do sector petrolífero também diminuiu nesses anos.

 

Em contrapartida, o gráfico demonstra que o sector não petrolífero está a assumir cada vez maior importância, visto que continuou a registar taxas de crescimento positivas até 2016.

 

Em conclusão, pode-se dizer que os efeitos do processo de diversificação da economia começam a fazer-se sentir. Até 2014, o sector cujo investimento tem registado maior crescimento é o da construção, mas assinala-se uma ligeira desaceleração nos últimos dois anos, em resultado da crise. O crescimento em relação à indústria transformadora é ainda tímido, enquanto se regista uma relativa manutenção da importância do sector agrícola no cômputo geral do PIB, com altos e baixos nos últimos dez anos.

 

Para o futuro, será necessário apostar de forma mais incisiva na agricultura e na indústria, baixando a importância relativa dos serviços e do sector petrolífero.


*economista