Luanda - Os trabalhadores da Empresa Nacional de Pontes de Angola continuam em vigília nas instalações da empresa, após pagamento de quatro dos 46 meses de salários em atraso, sem garantias da direção para próximos pagamentos.

Fonte: Lusa

A informação foi transmitida hoje à Lusa pelo primeiro secretário da comissão sindical dos trabalhadores da Empresa Nacional de Pontes, Mateus Muanza, argumentando que "continuarão em vigília até o pagamento total dos restantes 42 meses de salários em falta".

"Nós sempre dissemos que queremos que paguem tudo o que nos devem, enquanto não acontecer vamos continuar com a nossa vigília, porque mesmo os meses que eles pagaram não serviram para nada, continuamos com dificuldades no nosso dia-a-dia", disse.

Em declarações hoje à Lusa o chefe do departamento de contabilidade e finanças da empresa angolana, Luvualu Michel, confirmou o pagamento de apenas quatro meses de salário de 2015 afirmando não ter previsões para os próximos pagamentos.


"Não temos ainda previsões para os próximos pagamentos. Estamos à espera, na medida em o Estado for liquidando as faturas vamos amortizando os salários", explicou, recordando que as dívidas da empresa para com os trabalhadores datam desde 2011.

O ministro da Construção de Angola, Artur Fortunato, responsabilizou recentemente a direção da Empresa Nacional de Pontes pelos 46 meses de salários em atraso aos trabalhadores, afirmando que a dívida do setor à firma já foi paga.

"Relativamente às dívidas com o próprio setor, já avançamos, já foi paga, esperamos que isso minimize de alguma forma a situação que se alastra e ver daqui para frente como é que se equacionará essa questão", disse o governante.

Mas Luvualu Michel referiu anteriormente que o Ministério da Construção, que tutela a empresa pública de pontes, liquidou "apenas algumas faturas" em atraso.

São cerca de 400 trabalhadores em Luanda e noutras filiais da Empresa Nacional de Pontes, espalhadas pelo país, que aguardam pelo pagamento dos ordenados em atraso.

A Lusa noticiou em 01 de agosto que a Empresa Nacional de Pontes de Angola estava a enfrentar dificuldades na reforma de 65 trabalhadores face à dívida para com o Instituto Nacional de Segurança Social (INSS), que já ronda meio milhão de euros.

"Estão em condições de serem reformados, mas não vão para a reforma porque estamos em dívida com INSS, uma dívida elevada, no valor de 88,9 milhões de kwanzas [470 mil euros]", disse na altura, em declarações à Lusa, a chefe do departamento dos recursos humanos da empresa pública de pontes, Marcelina Gabriel.

Por sua vez, o chefe do chefe do departamento de contabilidade e finanças da empresa angolana, Luvualu Michel, garantiu hoje que a empresa deverá pagar numa primeira fase apenas 70% da dívida que tem com o INSS.

"Estamos já a tratar disso, vamos reunir ainda amanhã, estamos com previsão de pagar apenas 70% e se a instituição concordar estaremos já a liquidar parte da dívida que temos", afirmou.

Segundo a responsável dos recursos humanos, "continua pendente" no INSS o subsídio de morte de trabalhadores, precisamente devido à atual incapacidade financeira da empresa.

"Os trabalhadores morreram, a empresa não tem capacidade financeira para comprar um caixão e para entregar um subsídio de morte é necessário que a empresa faça a sua contribuição [para o INSS], que até agora não conseguimos liquidar", referiu.