Luanda - Alguns jornais noticiaram ter havido recessão em Angola, no ano 2016. Dizia-se que o Instituto Nacional de Estatística tinha chegado à conclusão de haver valores negativos do produto interno bruto, nos três primeiros trimestres do ano 2016. Ficámos apreensivos em relação a essa notícia, de modo que fomos averiguar os dados disponíveis para podermos aceitar ou refutar tal constatação.

Fonte: Club-k.net


Para que haja recessão num país, é preciso que o produto interno bruto registe crescimento negativo em dois trimestres consecutivos. A recessão tem normalmente um efeito dominó, que resulta da falta de confiança dos agentes económicos na economia, bem como da diminuição da disponibilidade de crédito e da consequente diminuição do consumo; ao que se seguem a diminuição da produção, o desemprego e a consequente diminuição do consumo.

 

Em boa verdade, as autoridades governamentais encarregues pelas contas nacionais, bem como as organizações internacionais reconhecem não ter havido recessão em Angola. As estimativas iniciais, que apontavam nessa direcção, baseavam- se em dados trimestrais sobre o crescimento da economia, com pouca fiabilidade devido à debilidade das fontes de informação e, por conseguinte, à fraca qualidade dos dados (forte volatilidade para um mesmo trimestre).

 

Parece não haver dúvidas de que a elaboração de dados trimestrais credíveis sobre o crescimento económico do país depende da disponibilidade de dados fiáveis e regulares e para que isso aconteça, é necessário que hajam melhorias sistemáticas e significativas nos processos de compilação de dados, a todos os níveis.

 

Os dados anuais indicam, no entanto, que em 2016 Angola cresceu a uma taxa de 0,1%, com o sector não petrolífero a crescer 1,2% e o sector petrolífero a evidenciar um crescimento negativo de 2,3%. O crescimento negativo do sector petrolífero é uma tendência que se vem verificando desde 2009, tal como já elucidámos acima. Se no período 2009-2016 o crescimento económico de Angola foi positivo em termos globais, tal só foi possível porque o sector não petrolífero conseguiu em termos de crescimento suplantar o sentido negativo de crescimento do sector petrolífero.


Portanto, os dados em presença revelam que Angola não viveu nenhuma recessão económica e continua-se a manter a tendência do sector não petrolífero crescer mais do que o sector petrolífero – o que é bastante favorável para a economia, augurando por isso ventos de prosperidade para os próximos anos.