ImageLuanda - Era u ma vez um País livre, de homens livres liderados, por homens defensores desses homens livres.Tudo começou com um sonho libertário, parido por insttintos guerreiros de mulheres e homens armados com catanas marchando gloriosos contra canhões e metralhadoras. E não é que o feitiço desse sonho de liberdade venceu os canhões; os bombardeiros espalhando napaln sobre aldeias indefesas; as fortunas imperialistas derramando ódio e vingança sobre um povo armado apenas com a força imparável da sua razão libertária?

Falemos então hoje de como nascem os sonhos libertários. De como vivem os sonhos de liberdade e nunca morrem até a sua vitória final. De como nesta terra livre de homens livres, a liberdade conquistada com sangue e suor viverá. De como viverá para sempre.

Desde 4 de Fevereiro e 15 de Março até hoje, falemos dos homens livres que disseram que em Angola queremos a paz e liberdade para todos. Que as riquezas todas desse País sejam postas numa mesa onde todos angolanos tenham lugar para sentar. Para comer todos os bombons que o Criador abonou à nossa terra. Com tanta prodigalidade. Onde os líderes de homens livres sejam verdadeiros campeões dessa liberdade pela qual morreram Mandume, Nzinga a Mbande, Ekwikwi, Mutu Ya Kevela e tantos outros. Os homens livres de Angola, afinal todos os verdadeiros filhos dessa Pátria. Que ensinaram aos filhos que a liberdade é sagrada. Que destinaram filhos dos tempos para avisar ao líder que esquecesse essa verdade sagrada que Angola é e será para sempre isso mesmo: uma Pátria de homens livres. Onde apenas o institnto libertário seja o cimento do edifício da construção desta grande nacionalidade. A nacionalidade angolana.

Falemos pois dos filhos dos tempos que tenham a coragem de dizer que a mesa deve ser maior. Para todos caberem. Os pratos devem ser aumentados. Para todos comerem. A sala do festim deve ser ampliada. Para todos se embriagarem da felicidade de serem filhos de uma terra libertada, e abraçados cantem o hino imortal em homenagem ao nosso povo heróico e generoso. Heróico na guerra, generoso na vitória. Como o líder livre dos homens livres soube interpretar na hora própria da encruzilhada de uma História ainda não contada, mas por todos percebida. Por todos os homens livres adoptada e aplaudida. Por todos os homens livres arquivada em prateleiras douradas e guardada como o convite de entrada no festim total da fartura libertária de todos os angolanos. Festim sem falsos guardiães de templos fabricados pela fúria da gula dos mais próximos, condenando à fome os mais distantes, por sinal a maioria.

Falemos da mesa farta do festim libertário total onde cada um ocupe o seu lugar. Onde o líder executor do ser do povo heróico e generoso esteja à cabeça coberto da glória conquistada em mil noites sem sono, mil momentos sem amigos, mil segundos sem o calor dos homens comuns. Que se juntem a ele aqueles que partilharam as noites em claro, os dias fora do aconchego familiar, os muitoa sábados privados do funge e calulú junto da família. Que esses venham de Kapunda-Kavilongo, do Kunge, do Cuchi, de Nambuangongo, de Maquela do Zombo e do Yema e juntem-se aos do Sambila, Rangel e BO. Porque a festa é de todos. Os filhos dos líderes, todos os líderes dos homens livres, fiquem por trás do jango segurando os bancos dos mais velhos, aprendendo com as suas conversas e aprendendo a ser, antes de tudo, homens e mulheres livres. Aprendendo o significado do heroísmo e generosidade do seu povo. Que esperem a autorização dos velhos do jango antes de se atreverem a levantar-se no jango e elevarem a sua voz.

Os filhos dos líderes dos homens livres saibam que não são nem pouco mais ou menos líderes eles mesmos por nascerem filhos dos líderes, e não estão autorizados a falar no jango dos mais velhos. Ouçam primeiro os jissabus contados pelos mais velhos, as estórias dos Tchilulus e diquíxis para nunca serem como eles. Rapazes no Ekwendje, meninas no Oufiko, aprendam os contornos das estórias e história dessa Pátria de homens e mulheres feros de sonhos libertários. Ganhem o seu espaço no tirocínio igualitário da construção desta Nação orgulhosa demais para aceitar as coisas de outra forma.

E depois, quando chegar o seu tempo, juntem-se gloriosos ao coro triunfal do hino ao povo heróico e generoso. Nem antes nem depois. Apenas quando tenham vivido no sangue e no suor o significado de cada sílaba desta canto libertário. Quando se possam juntar, por direito própria, a uma pléiade gloriosa e exclusiva dos adoradores das sagas libertárias. Todas as liberdades de todos os homens e mulheres que sonharam uma Angola onde todos possam ter direito às riquezas que Deus a todos deu.

Falemos então, da Angola-Jango onde cada um tem o seu lugar no jango, e todos têm o seu lugar reservado no festim libertário da Pátria emancipada. Falemos de nós – os homens livres – e o instinto libertário que nem líderes nem descendetes de líderes podem ousar afrontar viciaram-se a levar o facho aceso. O mesmo facho libertário que é preciso um processo de iniciação para saber manter aceso, por mais fortes que sejam os ventos ideológicos ou os dilúvios da tentação capitalista.

Falemos dos filhos de líderes que queiram elevar a sua voz no meio do jango, e aos quais vozes libertárias que dirão que ainda não é tempo. Como nem na evamba nem no oufiko estes filhos confusionistas ainda passaram, dirão que regresem a casa dos seus pais para o correctivo merecido. Para que aprendam a não desrespeitar a dignidade do jango e a próxima vez que nele entre – porque o jango é também seu – aprendam a calar a boca, e a ouvir a sabedoria da boca dos mais velhos para não sujem a imagem da sua família de líderes.

Olussapo Wiye!

* Crónica das Sete LAC 02
Fonte: LAC