Lisboa - O professor universitário e presidente do extinto Partido Angolano Independente (PAI) Adriano Parreira (proscrito dos quadros da Universidade Lusíada de Angola, ULA, por ter apoiado abertamente o Galo Negro nas eleições legislativas passadas) vaticinou, no passado dia 16 de Setembro de 2005, que se o MPLA ganhasse as eleições por maioria absoluta, o País daria um passo de gigante para o ampliar da catástrofe em que o povo já se encontra (va) mergulhado.

Adriano Parreira (que enquanto docente de uma das unidades orgânicas da Universidade Agostinho Neto, UAN, esteve durante meio ano sem ordenado por ser contestatário e, ainda por cima, não ser membro do partido no poder) falava em entrevista concedida ao NL em Luanda durante a qual afirmou, entre outras verdades, que, caso o MPLA ganhasse as legislativas, todos os vícios e desgraças dos angolanos seriam ampliados.

E não é que Adriano Parreira (um homem que, tal como eu, tem sido permanente, terminante e implacavelmente acossado pelo regime por ser frontal e por isso sem papas na língua) tinha (tem) mesmo razão?

Por exemplo, é inegável que, depois de ter ganho as eleições legislativas de 05 de Setembro de 2008, o MPLA tem estado a repisar os caminhos do egoísmo e, como disse (e muito bem) Adriano Parreira, a ampliar a catástrofe em que o povo já se encontra (va) mergulhado.

É (mais do que) evidente, verbis gratia, que o partido no poder tem trabalho no sentido de acabar com algumas conquistas democráticas até então conquistadas.

Exemplos? Há muitos. O semanário “A Capital” estampou na capa da sua última edição o seguinte título: “Políticos fora de combate”. A manchete do referido hebdomadário não é mera coincidência. É a constatação de um vazio numa altura em que se requer uma frente maior contra o absolutismo e o totalitarismo, cuja luta se abate agora contra a Imprensa (controlo dos órgãos de Comunicação Social públicos cada vez mais cerrado, processo judicial contra o SJA e Imprensa alternativa). Por isso, a Imprensa terá agora, e cada vez mais do que nunca, que dar o melhor de si para não conhecer o mesmo final reservado aos partidos políticos na Oposição.

Outro exemplo? Aí vai. Isaías Samakuva apresentou recentemente o seu projecto de Constituição aos representantes da União Europeia. O presidente da UNITA deu primazia aos representantes da UE como se estes pudessem votar no Parlamento.

Quer (em) mais um exemplo. Segure (m) aí. O Secretário para o Património da UNITA (ex-DIP do Galo Negro), Adalberto da Costa Júnior, é comentador semanal na TV Zimbo.

Deu para perceber que há uma estratégia meticulosamente trabalhada para voltarmos ao passado e, desta forma, acabar-se com as conquistas democráticas até então alcançadas?

Digam lá, meus senhores, se os receios de Adriano Parreira tinham (tem) ou não fundamentos?

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Fonte: NL