Luanda - O meu avô dizia: “desde o berço, a vida vai nos dando limões e, com eles, devemos ensaiar a melhor limonada que podemos. ” Com base a esse pensamento e tendo em vista o teatro que se desenrola na fazenda (Angola), percebe-se que a manada vai despertando aos poucos. Acredito que quem não acredita no dia da mudança, não saberá o que fazer quando esse dia chegar. Está na hora dos sapos tornarem-se príncipes, apesar de o corvo apenas ter mudado de cor, há uma luz no horizonte que reluz o dia almejado.

Fonte: Club-k.net

Enquanto isso, vale realçar que a mudança – num contexto próspero – não está em nenhum partido político, a mudança está no próprio angolano, aquele que suporta o jugo, pesado jugo, sim, o verdadeiro angolano. A razão da mudança não estar em nenhum partido político cinge-se no facto de a devoção a uma cor partidária ter anulado a racionalização de alguns acontecimentos caricatos que se passam no nosso país. E esta posição tem levado os indivíduos à ignorância, desconsiderando os abusos extremos – físicos como mentais – praticados no dia-a-dia. Esses abusos vêm de líderes espirituais, partidários, cônjuges, parentes (pais, filhos, irmãos). E para manter o “pão” a salvo a vítima da afronta cala-se e os bajuladores defendem com unhas e dentes os eventos, distorcendo os factos em causa própria. Com tudo, já lá se foi o tempo em que o medo era instalado de modo “perfeito” – tempo em que pensar ao contrário era sinônimo de assinar a sentença.

 

Houve um tempo em que o jovem lhe era dito que é livre, mas apenas para seguir, pois quando o mesmo tentasse provar o sabor da liberdade, era algemado e acusado de malfeitor. Houve tempo em que a oposição política atirava o pano branco e a pomba, simbolizando a paz e o regime respondia com gás lacrimogéneo considerando tais atitudes de instabilidade a ordem social. E os mass media, parasitas seriviam e continuam servindo como a veia condutora da mensagem repressiva ao serviço dos combatentes do jovem que sonha com uma Angola melhor e no desmantelamento de qualquer mente que se ache livre. Tempo em que a arte era suspeita se não for a favor do regime vigente. Os músicos devem rever as suas líricas e o conteúdo em abordagem porque se não é ao critério do regime, o musico não existe. Já não estamos na fase em que 1+1 o meu sobrinho responde que é igual a um; mas 15+2, o resultado é um mistério. Juristas bufam ao responder o quesito e no final das contas, tudo errado.

 

O que se pretende nos dias actuais, é o propósito de que o próprio angolano deve perceber que ele é o centro e a maior riqueza de Angola, não há mais necessidade de saber qual é o melhor Partido. Percebendo isso, o angolano saberá então que já não precisa da ilusão (utopia) do petróleo ou do diamante – o angolano saberá então de que ele é o diamante, é o petróleo e toda riqueza que abunda no solo do país que lhe viu nascer, ele, o todo absoluto!


Nos foi dito que tudo teria um esclarecimento de acordo com certas leis. Mas com todo adorno e traficância, não aconteceu como “eles” previram. Algo deu errado! E deste “erro” podemos perceber que originou uma mudança (fragilidade) na estrutura do poder que há muito sonha com a eternidade.

 

O meu apelo é que todos saibam, o progresso de um país depende da vontade do povo, mas os fanáticos partidários que não estão dispostos pra isso, pouco saberão. Angola está onde está porque o seu povo assim quer. O povo foi enganado com a ilusão de “segurança” enquanto na verdade tratava-se da prisão própria. Respostas e discursos ensaiados não ajuda[ra]m em nada – pelo contrário, só iludi[ram]u e confundem o angolano na hora da escolha da boa direcção para a resolução do problema que lhe assola. A retórica embelezada no parlamento, apenas denuncia o óbvio...

Os partidos políticos estão velhos e cansados, sentem-se pesados devido a carga que carregam, imiscuída nas mágoas e no rancor do passado e por outro lado, pelo vício e sabor do poder exacerbado. E a vida nos ensinou que, quem carrega ambição do poder em si, não é capaz de reagir ao presente. Porque o presente não deve ser a repetição do passado.

Ass: Mário Tchigwalulo