Luanda - Dentro de 4 dias tomará posse o 3° Presidente da República que aparentemente demonstra ser de todos os angolanos e não de Partidos de Políticos. Despartidarizar as instituições será o maior ganho da paz e da soberania nacional. Se existe uma lei que obriga a retirada dos distícos que foram usados durante a campanha, seria de boa fé existir uma lei que proibisse também o uso destes dísticos, caracterizado desta forma de uma propaganda gratuita fora do período eleitoral por parte da sociedade.

Fonte: Club-k.net

Um exemplo e uma visão a se ter em conta. Na tomada de posso do novo Presidente, ensaiariamos uma presença de todos os angolanos na Praça da Independência sem uniformes da OMA, JMPLA, mas sim de vestes sobretudo brancas, simbolizando a paz e a integração de todos, num projecto para todos. Tenho em mim que os angolanos ficariam satisfeitos e começariam a despartidarizar as mentes para apostarem em consciência nacional. Partido somente no coração. E todas estas falhas passa por falta de responsabilidade política dos Partidos Políticos. Exemplico: A carência de lideranças políticas, que não apenas dificulta a superação da actual crise, mas afecta o bom funcionamento do regime democrático, tem várias causas. Certamente, o mundo político tem responsabilidade por isso. Ao invés de promover o surgimento de novas lideranças, os partidos e seus caciques criam empecilhos para essa fundamental renovação. O problema, no entanto, não está apenas nos partidos. A ausência de lideranças políticas é também resultado de um processo social mais amplo, em que se constata um paulatino distanciamento da população em relação à política. O interesse público fica limitado a ralos debates partidários e as preocupações da sociedade concentram-se em outras áreas.

 

Ou seja, a preocupação é de continuar fazer propagandas com vestes partidarias, mesmo em actividades governamentais que retrata o benefício de todos os angolanos. Esse empenho contrasta, no entanto, com a quase absoluta falta de esforços para a formação de lideranças políticas. Para o mundo da tolerância e prepara-se espetacularmente bem. Neste caso, a política continua tratada como uma tarefa para amadores, sem exigências de uma mínima preparação. Bastariam para o mister da coisa pública o carisma e certa capacidade de comunicação. Ou, como sugere o cenário político nacional, seriam suficientes o apadrinhamento ou a hereditariedade. Nesse caso, o sobrenome correcto é um verdadeiro tesouro.

 

Os desafios de maior complexidade e de maior impacto para a sociedade estão antes na política do que em outras áreas. Seria ingenuidade, portanto, pensar que para a formação de uma liderança política são suficientes boa vontade, bom senso e um pouco de ética. É preciso investir, de forma continuada, tempo e dinheiro.

 

Não faltam meios para essa empreitada. A formação profissional dos executivos evidencia a abundante oferta de métodos e instrumentos de ensino, capazes de abordar os mais variados temas. O que parece fazer falta às elites nacionais é uma real preocupação com o interesse público, que vá além da torcida por determinada posição político-partidária.

 

Sintoma dessa falta de interesse pela coisa pública é a ausência de um amplo e produtivo debate sobre o projecto de país que se quer implementar envolvendo todos sem vestes partidarias. Perdeu-se a capacidade de olhar os problemas e as deficiências a partir de uma perspectiva de Nação. Cada um parece preocupado – não sem razão, já que também é sua responsabilidade – em levar adiante seus negócios, seu trabalho, sua família. Os problemas surgem e se agravam quando a discussão sobre a condução do País é terceirizada, ficando por conta exclusiva de políticos que, por sua vez, têm uma visão percuciente de seus próprios interesses e escassa preocupação com o interesse nacional.

 

Ainda que, com frequência crescente, se fale em responsabilidade social e ambiental, perdeu-se a dimensão da responsabilidade pela coletividade. Ou, ao menos, essa responsabilidade já não é vista como parte da política, sendo encarada tão somente em sua relação com projectos e causas não governamentais.

 

Devolver ao País a capacidade de gerar e formar lideranças políticas passa, portanto, por ultrapassar a visão da política partidaria como coisa de outros, de terceiros. São direitos e são deveres de cada cidadão o envolvimento e a preocupação com a política, que nada mais é do que esse cuidado e essa estima pelo interesse público – por tudo aquilo que afecta não apenas a família ou um restrito círculo social, mas todos. Por favor vamos ensaiar um novo momento sem vestes partidarias para dimensionar as nossas consciências de angolanidade. Não vai tornar ninguém burro e nem mais inteligente, mas principio de uma nova éra nacional, como o Presidente a tomar posse se referiu. Ser um governo inclusivo. Demonstre isso Senhor Presidente na sua tomada de posse. Aqui fica o meu recado de todo o coração. O povo angolano agradece.

Viva Angola

Francisco José Cruz