Cabinda – A UNITA, em Cabinda, é, sem questionamentos de qualquer natureza, o partido da oposição que apresenta uma implantação segura e extensiva pela província inteira cuja presença se justifica pela invejável moldura humana que integrava os seus actos políticos de massas durante a pré-campanha e a campanha eleitoral.

Fonte: Club-k.net


               A UNITA interpretou erradamente a actual Sociedade Civil Cabindesa



É um partido com uma forte e indelével história que remonta desde os tempos da luta de libertação de Angola contra o colonialismo português e a presença da tropa estrangeira no solo pátrio angolano e contra o sistema político instalado no país pelo partido da situação, baseado em princípios doutrinários comunistas, marxismo-leninismo.

Enquanto cidadãos votantes, e em face dos resultados eleitorais cabidos à UNITA neste pleito eleitoral, remetemo-nos para sua reflexão, tendo concluído que, embora a UNITA tenha crescido bastante em relação ao pleito anterior, houve um conjunto de factores causais que são a base geradora dos referidos resultados, sendo:

1. Desrespeito e humilhação aos quadros do Executivo Provincial da UNITA em Cabinda pela Direção Nacional;

2 . Pronunciamentos arrogantes e desafiantes à sociedade civil cabindesa por Rául Manuel Danda, Vice-presidente da UNITA;

3. Candidatura de Raúl Tati e Félix Sumbo a deputados pelo Círculo Provincial de Cabinda;

4. A influência negativa do Grupo de Reflexão (GR);

5. A falta de meios de propaganda e financeiros.


1 – A Direcção Central da UNITA, talvez por decisão própria ou por maus conselhos de certos dirigentes da extinta Mpalabanda, criou uma atmosfera de desrespeito contra os seus quadros em Cabinda. Como se pode ver, em 2008, a UNITA tinha como Secretário Provincial o Sr. Emílio Mabiala.

Sem hesitação alguma, este seria o candidato a deputado e, simultaneamente, a cabeça de lista pelo Círculo Provincial de Cabinda. Todavia, a Direcção Nacional da UNITA, para contentar os apetites de acomodação manifestadas inconfessamente por aqueles antigos dirigentes da extinta Mpalabanda, sacrificou os seus quadros e colocou o Sr. Raúl Danda como cabeça de lista pelo Círculo Provincial de Cabinda. Diante desta realidade de subestimação e desdém, o estado psicológico dos quadros da UNITA em Cabinda entra numa verdadeira frustação.

Em 2012, quando deveria ser candidato a deputado e cabeça de lista o Sr. José do Gringo Júnior Lembe, enquanto Secretário Provincial da UNITA em Cabinda, a Direcção Nacional desse partido, mais uma vez, desrespeitou e humilhou os seus próprios quadros, tendo colocado, novamente, o Sr. Raúl Danda como cabeça de lista. Mais uma vez, os quadros da UNITA na Província de Cabinda foram tidos como incompetentes e incapacitados.

Desta vez, isto é, em 2017, a UNITA em Cabinda tem como actual Secretário Provincial o Sr. Estevão Pedro Neto. Um jovem que se entregou de corpo e alma ao serviço do Partido para que se conseguisse a revitalização das estruturas partidárias na companhia de quadros com capacidade e qualificação política. Por força de inerência de funções, seria, inquestionavelmente, o cabeça de lista da UNITA pelo Círculo Provincial. Infelizmente, a Direcção Nacional da UNITA voltou a mostrar e a provar os seus quadros em Cabinda que não são competentes e capacitados. 

Esta reiterada posição e decisão da UNITA não deixou de produzir influências negativas no esperado voto de certos amigos, simpatizantes e militantes deveriam depositar nas urnas a seu favor.

Quanto ao jovem político, Estevão Pedro Neto, a humilhação que a UNITA o sujeitou, indubitavelmente, não deixou de influenciar negativamente o voto para a UNITA, sabendo que mantém fortes relações sociais com jovens e adultos e com pessoas de todos os estratos sociais. Temos a plena certeza de que a vergonhosa humilhação feita pela UNITA ao jovem Neto levou a que muitos dos que deveriam votar na UNITA já não o fizeram.

A humilhação dada a este jovem, que viu o seu lugar ocupado por homens oriundos de um tal Grupo de Reflexão (GR), inexpressivo no plano da mobilização de massas, não deixou de converter-se em golpe duro contra a UNITA nas eleições, pois, o que tem acontecido na UNITA nunca aconteceu em nenhum outro Partido político na Província de Cabinda.

A Direção Nacional da UNITA, no aprofundamento da sua humilhação ao Sr. Secretário Provincial, sabendo mesmo que não elegeria 90 mandados no Círculo Nacional, colocou-o em 89º lugar. Que humilhação?!

Esta posição da UNITA levou a que muitos de nós não votássemos nela, pois, é uma posição demonstrativa de que jovem político não possuí as qualidades político-intelectuais necessárias para ser deputado. Em face desta realidade tão ambigua e acérrima, amigos, conhecidos e familiares, desmotivados e agastados com a nuvem de humilhação que a UNITA fez descer sobre o jovem político, certamente, já não poderam depositar seu voto na UNITA.

Diga-se, em abono da verdade, que este jovem é um dos melhores Secretários que a UNITA já teve, ou tem, em Cabinda, e um dos jovens políticos mais temido e respeitado pelo regime em Cabinda.

Felicitamo-lo pela serenidade e firmeza mantidas diante dessa atmosfera vilipendiosa, pois mesmo intensamente cobiçado pelo partido da situação, não se deixou andar pelos ventos. Analogamente, encorajamo-lo a manter os mesmos níveis de desempenho político nos próximos momentos, revelando sempre a sua maturidade política na execução e resolução das questões que se prendem com a organização e administração do Partido.

Temos a convicção plena da mágoa dolorosa que ainda carrega dentro de si; temos o conhecimento pleno, através de amigos e familiares, que lacrimejou por causa da injustiça, desvalorização e humilhação de toda a sorte que o seu Partido lhe brindou. Mas queremos dizer-lhe que esqueça e perdoe mais uma vez. Certamente, houve esse espírito de perdão em si, porque, se não soubesse perdoar, a UNITA nem teria sequer eleito um deputado. Teria criado uma situação desastrosa no interior da UNITA…

2 – O pronunciamento arrogante e desafiante do Sr. Raúl Danda, na nossa análise, também é um factor que teria contribuído negativamente na votação a favor da UNITA. Uma vez destas, disse aos quadros da província, num encontro, que a UNITA não precisava do voto de Cabinda para vencer as eleições gerais. Estas palavras transformaram-se em autêntica bomba que recebeu fortes reações de alguns segmentos da sociedade civil cabindesa.

A isso também associa-se o comportamento indecoroso evidenciado por Raúl Danda, sendo que pôs sentados, mais de duas horas, alguns membros influentes da sociedade civil, que ele próprio tinha mandado convidar. Esta falta de respeito aos membros da referida sociedade civil e o pronunciamento arrogante foram sendo comentados em vários círculos sociais, nas redes sociais, bem como as suas manifestações tribais poderam ter pesado negativamente na balança eleitoral.

3 - A leitura que a UNITA fizera a respeito da introdução da candidatura de Raúl Tati na lista de candidatos da UNITA a deputados pelo círculo provincial buscou-se numa análise profundamente superficial que apenas teve em conta alguns aspectos, como o ter sido padre (vigário geral), como o ser académico e professor universitário, o ter sido mpalabandista, como nós. Estes elementos, no nosso entender, teriam sido a motivação que estimulou a Direcção da UNITA a mais uma vez repetir o mesmo erro que havia cometido em 2008 e 2012.

A UNITA se esqueceu que a actual sociedade civil cabindesa encontra-se dividida. Esqueceu que o Raúl Tati, tendo abandonado o sacerdócio, os fiéis da Igreja Católica Romana, que tinham-no como filho de ouro, retiraram-lhe o apoio, a estima e a obediência, sobretudo ao casar-se. Tendo abandonado a Igreja Católica Romana, ficou sem base de apoio, como também uma vez extinta mpalabanda.

Como independentista, ao abandonar os ideias da independência, os independentistas consideram o seu ingresso na UNITA como traição, o que nos parece que os independentistas, bem como os fieis da Igreja Católica não votaram na UNITA.

4 - O segundo candidato a deputado, escolhido por Raúl Danda, sob protesto de ser membro influente da Sociedade Civil em Cabinda, isto é, Grupo de Refleção (GR), foi a escolha mais infeliz e desastrosa para a UNITA. Por aquilo que ele é, foi escolhido apenas para afugentar os votos. Não se esperaria outra coisa porque é um pedófilo odiado pela sociedade.

É uma figura desconhecida e com relações humanas e profissionais contestadas por vizinhos e por muitos dos que lhe foram colegas na Chevron. As suas falhas comportamentais e a exibição de atitudes menos boas teriam levado a que muitos dos seus vizinhos e ex-colegas da Chevron encaminhassem o seu voto para a CASA-CE.

O Grupo de Reflexão que vem se assumindo como o representante legítimo da Sociedade Civil Cabindesa escondeu à UNITA o estado de desentendimento reinante no seio dos seus quatro únicos membros que constituem.

Diga se que, por exemplo, o padre Congo depois de ter garantido o apoio aos seus dois membros que foram para a UNITA, fez a sua campanha eleitoral a favor da CASA-CE, clandestinamente, no município de Cacongo, onde reside e na suas paróquias, mesmo sabendo que tinha sido persuadido pelo regime a não meter-se ao lado de nenhum partido, para proteger a sua Igreja Católica das Américas da possível retaliação por parte do Governo.

Publicados os resultados eleitorais da província de Cabinda, o Sr. Padre Congo disse, gabando-se, a um de nós que ele tudo fez para que a CASA-CE tivesse alguma vantagem. Fê-lo em demonstração de que ele é o mais popular e poderoso em relação ao padre Raúl Tati.

Diante desta realidade, a UNITA interpretou erradamente a actual Sociedade Civil Cabindesa. É pena, pois, o cabeça de lista devia ser o próprio jovem secretário.


Vejamos que tipo de líderes da Sociedade Civil temos! Um desses, depois de ter feito campanha eleitoral (à revelia) a favor da CASA-CE, surpreendentemente, o senhor Belchior Lanzi Tati apareceu, uma semana depois, a felicitar o MPLA e o seu candidato numa nota dirigida aos partidos políticos em Cabinda.

A UNITA, na verdade, fez uma leitura erradíssima. Esqueceu que o actual eleitorado é constituído maioritariamente por jovens que já têm uma formação académica adequada e com uma visão independente, pelo que não se revêem nesses padres corruptos da Sociedade Civil Cabindesa. Lembre-se que Cabinda, segundo o Censo Populacional feito em 2014, é a segunda província com mais intelectuais, depois de Luanda.

5 - O material de propaganda, na realidade, fez muita falta e influenciou negativamente nos resultados obtidos. A UNITA não apareceu como devia, ao passo que a CASA-CE inundou os municípios, as comunas e algumas aldeias com material de propaganda, a tempo e hora, e o próprio líder daquela formação política foi visitando e falando para o eleitor dos municípios do interior, o que não aconteceu com a UNITA.

Também, soube-se que não houve apoio financeiro que permitisse a deslocação dos quadros durante a campanha eleitoral. É bem certo que, se a Direção Nacional da UNITA não tivesse tomado decisões e posições erradas, Cabinda teria seus três deputados. Isto de facto estava previsto, sem sombra de dúvida.

Deveria a UNITA ter atribuído o lugar de cabeça de lista ao próprio jovem, pois, tornou-se ao longo destes últimos cinco anos uma figura pública, gozando de alta estima e popularidade no seio da juventude e de toda a sociedade civil cabindesa.

Para a justificação da sua popularidade, os candidatos a deputados, vindos da sociedade civil segmentada, Raúl Tati e Félix Sumbo, deveriam fazer a demonstração da força e do apoio popular que possuem em Cabinda, através da organização de actos de massa sob a sua orientação, dos quais fariam parte, pura e exclusivamente, membros da sociedade civil que não fossem militantes da UNITA.

Contrariamente, o que vimos é que foi sempre o partido UNITA a organizar grandiosos actos políticos de massas sob a direcção do jovem Secretário e os falidos candidatos só apareciam para falar. No nosso ver, esses dois candidatos deveriam ter vergonha em meter-se no jogo de usurpação do trabalho feito por outros.

Finalmente, aprendamos a ser honestos e justiceiros. É inconcebível que se tome por desconhecido o trabalho de cinco ou mais anos feito por alguém, e se transfira o fruto desse trabalho e alguém que tenha trabalhado menos de 23 dias. É bem justa a sansão dada por este povo à UNITA!

Cabinda, 5 de Setembro de 2017