Luanda  - É universalmente consensual que a actividade partidária é capital nas manobras social, económica, cultural e outras de qualquer Estado. Porém, esta importância circundante das organizações políticas, obviamente no sentido partidário, nem sempre resolveu os problemas que enfermam às sociedades. Antes pelo contrário, em muitos casos agudizaram-nos. É, no entanto, o caso de Angola, em nossa opinião, pelas razões que adiante esmiuçaremos:

Fonte: Club-k.net

Em 1975, logo após a proclamação da independência nacional, em parte como resultado de um conjunto de condicionantes dominantes na época a nível internacional, o País foi entregue – e bem – aos Partidos Políticos, mormente MPLA, UNITA e FNLA, respectivamente.


Com a assinatura dos Acordos de Alvor, no dia 15 de Janeiro de 1975, que, no entanto, definiu os princípios da partilha do poder em Angola, o País, por exclusiva ganância destes mesmos Partidos Políticos, mergulhou numa guerra civil que viria devastar todo o tecido socioeconómico nacional.

De acordos, e a título exemplificativo, não é tudo porquanto viriam outros não menos importantes. É o caso dos acordos de Bicesse promovidos por Durão Barroso, na altura, Secretário de Estado dos Assuntos Externos e Cooperação de Portugal, isto em 1991. Resta dos acordos que “ seriam realizadas as primeiras eleições livres e democráticas no País, supervisionadas pelas Nações Unidas, assim como todas às forças beligerantes seriam integradas nas Forças Armadas Angolanas, cabendo ao Estado Português, através das suas próprias forças armadas ministrar a formação necessária”.


Entrementes, apesar dos esforços da comunidade internacional na assinatura destes acordos e da lentidão da guerra, ela viria a subir de tom momentos depois, igualmente, por culpa exclusiva dos mesmos Partidos Políticos em detrimento de toda a população nacional, muita dela apartidária.

Apesar desses fracassos resultantes da ganância pelo poder das organizações a que nos referimos, o País (incluindo os não partidários que, para tal, são a maioria) viria realizar o sonho que aqueles Partidos sempre adiaram. Às eleições legislativas e presidenciais.

Como se não bastasse, os resultados eleitorais de 1992 não produziram aquilo a que o País esperou há décadas. Partiram, novamente para à guerra, pois, o controlo das riquezas vindas do petróleo, diamantes, inertes e outras não tinha sido feito como sempre priorizaram.

O povo sofreu e pereceu em grande escala por culpa de uns tantos cidadãos que armados em chicos espertos, salvadores da pátria que os mesmos não respeitam, amigos da vida e do bem-estar dos angolanos e não só, colocaram-se no topo da pirâmide da organização do Estado empurrando, para o efeito, ao fogo, iletrados e coitados que vivem com o sentimento de eternos representados nas organizações que, fim ao cabo, visam estender o campo de acção e de enriquecimento daqueles actores.

Sequencialmente, em 2002, a página nacional viria registar um momento que há mais de trinta anos foi escavando. A paz efectiva, como resultado do tombo “daquele ali”! Nova era e com isso novos métodos de dominação, de procura pelo dinheiro, pela hegemonia, por parte dos mesmos Partidos Políticos.

Métodos que se consubstanciam na consciencialização dos mesmos iletrados, coitados, de que o seu bem-estar passa, necessariamente, nas mãos deles tornando-lhes, por isso, mentalmente quase que seus escravos.
Começaram, então, às eleições e com elas às fraudes que envolvem reclamante e reclamados e para atingir os seus objectivos – de enriquecimento célere dos seus País, filhos, namoradas, irmãos e todo um conjunto familiar, quer seja por afinidade como por consanguinidade, juntaram a isso «os pactos políticos onerosos» simulados em garantia da paz e da estabilidade nacional.


Estes pactos passaram a sustentar a avidez de manter o poder político, para uns, e, conquistar o mesmo poder político, para outros, como “trampolim” para a conquista do poder económico de ambos. Ou seja, quer se esteja no poder, quer na oposição, o «pacto político oneroso» passou a servir de plataforma de partilha das riquezas entre as elites.

O poder enriqueceu-se e a oposição, de igual forma, abastou-se porque este é o principal objectivo dos Partidos que, hoje por hoje, comparam-se a verdadeiras sociedades comerciais que tendem, inicialmente, ao lucro.
Realizam-se eleições, grita-se, reclama-se mas, no fundo, quer o gritante como o gritado atingem o “organismo” pretendido - o enriquecimento de um pequeno grupo em detrimento de mais de 20 milhões de habitantes, se olharmos para os dados do censo e os da Comissão Nacional Eleitoral.


Tornam-se ricos, partilham riquezas entre eles por vias do Conselho da República, Parlamento, ERCA, Empresas próprias e os dez dólares norte-americanos que entram nos cofres de cada um destes Partidos por cada voto que o coitado iletrado e não só deposita na urna aquando da eleição.


Enquanto os milhares entram nos bolsos dos menos de um milhão de cidadãos que comportam às elites dos Partidos e que comem nisso o pacato cidadão residente em Camakupa, Buengas, Sanza Pombo, Gulungo Alto e outras localidades, que votou, vive sem água, luz e tão pouco energia ou mesmo medicamentos.


Pior que isso, os mesmos Partidos, conhecendo a origem da iniciativa legislativa, impuseram aos cidadãos filiação ou adesão aos Partidos políticos como requisito indispensável para se chegar ao Parlamento ou cargo de Presidente da República, como se pode ver a redação do artigo 111º conjugado com 109º, da Constituição de Angola.


Diante deste quadro, que passou e continua a passar no caminho do sofrimento, da miséria dos cidadãos, como resultado da estratégia política não restam dúvidas de que os “ANGOLANOS PRECISAM ODIAR OS PARTIDOS POLÍTICOS” e, com isso, encontrar outros modelos organizacionais socialmente capazes de cuidar dos seus interesses no verdadeiro sentido e sem “pactos políticos onerosos”, pois, ajudam a enriquecer elites que nem cinco porcento da população representam.