Luanda - Angola vive um despotismo feudal com governantes gordos e ricos, que tem um povo magro e pobre, disse José Mavungo, activista dos direitos humanos em Cabinda, durante o programa Angola Fala Só, da VOA, nesta sexta-feira, 13.

Fonte: VOA

Na conversa com ouvintes e internautas, Mavungo afirmou que depois de 42 anos o país continua pobre, sem educação, saúde, antigos combatentes abandonados e com uma corrupção, “que arrasa Angola”.


O activista, em resposta a questões colocadas sobre os desafios do novo Presidente angolano, considera que “são muito difíceis e para fazer frente a ele” João Lourenço terá de ir contra o próprio partido.


“Ele herdou um país caótico, em que os governantes perderam valores éticos, de justiça e só pensam nos seus interesses pessoais”, continuou Mavungo, para quem a história foi marcada por homens de valor.


“Se João Lourenço quiser marcar a história, ele terá de tomar medidas duras”, na óptica daquele economista e filósofo, para quem tal “parece muito difícil”.


José Mavungo considera que em Angola não há uma cultura de lei e que o Governo controla tudo, “a justiça, a Comissão Nacional de Eleições, os tribunais, a comunicação social”.


O convidado do programa elencou três grandes grandes desafios que Lourenço tem pela frente: "ético, económico e de legislação democrática".


Diálogo por Cabinda


Ouvintes e internautas quiseram conhecer a posição de Mavungo, que esteve preso durante um ano, até ser posto em liberdade pelo Tribunal Supremo, sobre Cabinda, particularmente se há necessidade de se criar um partido político para defender os interesses do enclave.


Para Mavungo, o problema não passa pela criação de um partido, mas por um diálogo alargado.


“A solução não virá dos políticos, nem da luta armada, mas sim de um diálogo, sem tabus, aberto, descomplexado e com a participação de todos, políticos, intelectuais, sociedade civil”, defendeu.


Na conversa, aquele activista abordou vários outros temas, como a presença de Bento Bembe à frente do Fórum Cabindês para o Diálogo, a nova secretária de Estado para os Direitos Humanos e Cidadania, Ana Celeste Cardoso Januário, e o plano do Presidente para o relançamento da agricultura.