Luanda - O discurso do líder do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), José Eduardo dos Santos, foi hoje considerado por membros do Comité Central como uma comunicação virada para os militantes e com os cidadãos no centro das preocupações.

Fonte: Lusa

José Eduardo dos Santos, que discursava hoje na abertura da IV sessão ordinária do Comité Central MPLA, apelou ao partido, no poder em Angola desde 1975 e vencedor das últimas eleições gerais de 23 de agosto, para criar as condições necessárias para que as famílias tenham acesso aos "bens fundamentais".

 

Em declarações à imprensa, Carlos Ferreira Pinto, coordenador da Comissão de Disciplina e Auditoria do Comité Central, referiu que o discurso de José Eduardo dos Santos - a sua primeira intervenção pública desde que deixou o cargo de Presidente da República após as eleições gerais de 23 de agosto - "foi mais para o próprio partido".

 

"Pela minha apreciação, esse discurso de hoje foi mais para o próprio partido, este discurso desviou-se um pouco daquilo que vinha sendo os seus discursos, do presidente do MPLA, por estas ocasiões, de reuniões do Comité Central", disse.

 

Para Marcos Barrica, membro do Comité Central e embaixador de Angola em Portugal, o discurso do presidente do partido apelou à unidade em torno dos seus ideais, em linha com aquele que foi o lema do partido na campanha eleitoral, para a correção do que está mal e a melhoria do que está bem.

 

"O ideário do partido é isso mesmo, é a causa com que o partido sempre se debateu, que é atender às necessidades das populações e isso tem de ser feito mediante ações concretas que se substanciam exatamente na correção a todos os níveis, de uma forma de trabalho, para que esses ideais sejam cumpridos", disse.

 

Relativamente à disciplina e auditoria dentro do partido, instrumentos que José Eduardo dos Santos considerou necessários para a manutenção da disciplina partidária, Carlos Ferreira Pinto disse que os regulamentos aprovados serviram apenas para ajustes superficiais em função dos estatutos aprovados pelo VII congresso ordinário, de agosto de 2016.

 

Segundo o coordenador da comissão de Disciplina e Auditoria do Comité Central do partido, a disciplina "é um objetivo a atingir pelo partido a todo o tempo".

 

"É cada vez haver maior disciplina, maior organização, melhor funcionamento, para que nós possamos ter um partido cada vez mais forte, coeso e que possa alcançar aqueles objetivos que contém o seu próprio programa e a moção de estratégia do líder", disse.

 

Já Marcos Barrica apontou a necessidade de maior atenção dos militantes para contrapor uma atual intenção de "alguns círculos de interesse" em "fragilizar o partido", através de "campanhas difamatórias" e "calúnias muito fortes".

 

Marcos Barrica comentava informações a circular nas redes sociais aludindo a divergências entre o Presidente da República e vice-presidente do MPLA, João Lourenço, e o líder do partido, José Eduardos dos Santos.

 

"Há de facto, ultimamente, uma forma muito abusiva de algumas pessoas, de alguns círculos de interesse, fazerem desacreditar os militantes, os quadros do partido. Então inventam nas redes sociais a existência de grupos, a existência de colunas, mas tudo isso é um jogo bem arquitetado para fragilizar o partido, para desorientar os militantes e desacreditar os dirigentes no seio da população", considerou.