Luanda - A organização não governamental OMUNGA, observador africano dos direitos dos povos, está a forçar um debate parlamentar sobre a intolerância política em Angola, na expectativa de ver criada uma comissão para investigar a violência na província de Benguela.

*João Marcos
Fonte: VOA

O primeiro passo nesse sentido, após encontros com militantes do MPLA e da UNITA, foi a entrega de cartas ao presidente da Assembleia Nacional e aos líderes das bancadas parlamentares.

 

Palco de agressões, ameaças de morte e vandalização de casas e lojas, a comuna de Monte Belo, município do Bocoio, funcionará como uma amostra capaz de proporcionar uma agenda nacional assente na pacificação.

 

No rescaldo de uma semana de contactos com militantes de partidos, administrações e autoridades tradicionais, o activista José Patrocínio, coordenador da OMUNGA, disse que a sua organização não vai ficar à sombra das garantias de paz que recebeu dos seus interlocutores, que não registam casos de intolerância há mais de dois meses.

 

“Este debate (parlamentar) que nós estamos a tentar provocar visa garantir que se apurem responsabilidades. A partir daí poderá surgir uma comissão que vá apurar toda a verdade, deve haver uma agenda nacional assente na construção da paz. A ideia é para lá do Bocoio, já que, pensamos, o mesmo acontece em outras províncias’’, explica o activista.

 

Imbuído neste espírito, o reverendo Tony Nzinga, antigo membro do COIEPA, Comité Inter-eclesial para a Paz em Angola, lembra que a agenda pela qual se bate a OMUNGA é uma questão de cidadania.

 

“A soberania reside no povo, mas é necessário que ele decida e determine. A agenda, até mesmo nas Américas, que se dizem a maior democracia, são os cidadãos a ditar. Portanto, cada um deve fazer a sua parte, tudo com base no diálogo’’, sugere o reverendo.