Luanda - João Lourenço pode vir a deparar com enormes problemas no exercício da presidência angolana se José Eduardo dos Santos não deixar a presidência do MPLA em 2018 como prometeu.

*Coque Mukuta
Fonte: VOA

Nos meios políticos em Luanda circulam informações a sugerir que Santos tenciona colocar quadros da sua confiança no Secretariado do Bureau Político do MPLA.

Isto numa altura em que recentes nomeações de João Lourenço para órgãos estatais fazem aumentar especulação que se está a começar a travar uma luta de bastidores por influência.

Entre as medidas, chamam a atenção a extinção do Grecima, órgão que se ocupava do marketing e imagem do Governo mas acusado de apenas beneficiar os filhos de Santos, a indicação de um novo governador da sua confiança no BNA, anteriormente afastado pelo antigo Presidente, e a comissão para definir as novas políticas do sector petrolífero que poderá limitar a acção da Sonangol, dirigida pela filha Isabel dos Santos.

Na quarta-feira, 1, Lourenço nomeou também uma nova administração para a Endiama e para a Ferrangol.

No caso da Endiama, o anterior dirigente havia sido reconfirmado no posto há poucos meses porJosé Eduardo dos Santos.

O cientista político Rui Kandove vê as nomeações anunciadas por João Lourenço como uma tentativa de conseguir alguma legitimidade para governar e recordou que o actual Presidente da República foi escolhido pelo líder do MPLA, José Eduardo dos Santos que tem uma palavra a dizer dentro do partido no qual João Lourenço é vice-presidente.

As nomeações de Lourenço destinam se a obter credibilidade pois o facto de não ter sido eleito num congresso do partido e ter sido nomeado por Santos retiram-lhe credibilidade, disse o analista

Para Kandove, caso Santos não abandone a liderança do MPLA, tal como havia prometido, Lourenço vai passar por muitas dificuldades deparando com “todos entraves possíveis e imaginários”.

Nesse caso “João Lourenço, não terá a vida fácil”, acresentou.

Entretanto, admitiu que "é muito difícil que no desempenho das suas funções entre em colisões com quem o indicou”.

O analista disse que para o bem de Angola e do próprio governo o MPLA deveria esclarecer se José Eduardo dos Santos vai abandonar a política no próximo ano.